Empresa citada no inquérito do mensalão do DF ganha contrato no governo Arruda
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De Leila Suwwan:
O governo do Distrito Federal contratou por quase R$ 300 milhões, sem licitação, uma empresa suspeita de participar do esquema de arrecadação paralela do qual o governador José Roberto Arruda (ex-DEM) é acusado de fazer parte. Com recursos federais do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), a secretaria de Educação do DF terceirizou, na prática, o ensino científico das escolas públicas para a Sangari do Brasil (vinculada ao Instituto Sangari), citada no inquérito da Operação Caixa de Pandora como financiadora do suposto caixa dois de Arruda.
Segundo o ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, principal testemunha da investigação, a empresa se aproximou de Arruda por meio de Renato Malcotti, lobista e amigo do governador. Em depoimento, Durval disse ter sido apresentado ao empresário Ben Sangari em 2006, quando ouviu a promessa de um "retorno compensador" para a campanha de Arruda se sua empresa fosse contratada pelo GDF após a posse.
Posteriormente, em um dos vídeos gravados por Durval quando já integrava o governo Arruda, Malcotti afirma que atua no governo para "ajudar" a Sangari. Em conversa sobre a cobrança de propina de fornecedoras do GDF, Durval questiona Malcotti:
- Como é que tá lá a operacionalização das outras coisas dentro da Saúde? O que você está operando?
Malcotti nega atuação na Saúde, mas afirma:
- A única que ajudo é a Sangari.
Após a posse de Arruda, a secretaria de Educação começou a preparar a contratação do Instituto Sangari, com licitação. O procedimento foi questionado pela Procuradoria Geral do Distrito Federal, devido a sua obscuridade e a indícios de direcionamento.
Oposição acompanha crise de olho em 2010
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De Evandro Éboli e Isabel Braga:
Com José Roberto Arruda (sem partido) fora do páreo, a sucessão de 2010 no Distrito Federal alimenta candidaturas dadas como descartadas diante do favoritismo do governador. A bancarrota de Arruda animou a oposição, mesmo diante do forte concorrente Joaquim Roriz (PSC), apontado como um dos favorecidos pela crise do mensalão do DEM. Cuidadosos nas declarações, nos bastidores os potenciais candidatos acompanham a crise. Ressurgem os nomes dos senadores Cristovam Buarque (PDT) e Gim Argello (PT
B) e do deputado federal Geraldo Magela (PT).
No DEM, o pré-candidato natural, agora, é o vice-governador Paulo Octávio, caso não apareçam vídeos ou documentos que o atinjam. O nome da deputada distrital Eliana Pedrosa para disputar o governo do DF aparece como possibilidade, ainda mais por ter comandado a Secretaria de Desenvolvimento Social. O secretário de Transportes, Alberto Fraga, também é cotado. Eliana Pedrosa prefere a cautela.
- O pré-candidato é o Paulo Octávio. Com a saída do Arruda, começam as movimentações, mas está tudo fresquinho, embora a política ande rápido. As pesquisas, o único elemento além da adivinhação, apontam que o Paulo Octávio tem mais votos. Não vi pesquisa com meu nome - disse Eliana.
Suplente de Joaquim Roriz no Senado, Gim Argello (PTB), que virou senador com a renúncia de seu padrinho político, busca se descolar da imagem do ex-governador. Desde 2007, aproximou-se do Planalto e tem forte ligação com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os dois são amigos e companheiros de caminhadas matinais no Lago Sul, onde são vizinhos. O senador é o único assumido postulante ao governo do DF e apontado também como um herdeiro do espólio eleitoral de Arruda.