Diário da Manhã - Cidades - Dia 19/12/2009
Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ontem, durante divulgação dos números da pesquisa do IBGE
Cerca de 21,4% dos jovens goianienses entre 13 e 15 anos de idade, que frequentam o 9° ano do ensino fundamental, já estiveram envolvidos em briga alguma vez em ambiente escolar. O número percentual é o segundo maior do Brasil, superado apenas por Curitiba, com 24,3%. É o que indicou a pesquisa inédita divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que revelou hábitos, costumes e riscos vividos pelos estudantes das capitais brasileiras. O estudo também revelou o uso de drogas lícitas e ilícitas, e a atividade sexual precoce dos jovens goianienses.
O trabalho realizado pelo IBGE abrangeu as 26 capitais e o Distrito Federal, e também teve como objetivo orientar as políticas públicas de saúde destinadas a esse público. O dado mais preocupante é em relação ao uso de drogas ilícitas. 8,2% dos estudantes de Goiânia já fizeram uso de entorpecentes como maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança perfume e ecstasy. O maior percentual do Brasil é de Curitiba (13,2%), e o menor, em Macapá (5,3%).
Segundo a subcomandante do Batalhão Escolar, Major Mascarenhas, a Polícia Militar trabalha no sentido da prevenção, através de palestras educativas em salas de aula, através do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd). "Há sim várias ocorrências de violência escolar e de consumo de drogas. Acontece que as diretorias escolares estão comunicando mais à Polícia Militar sobre esses casos", afirma.
Quanto às relações sexuais, segundo o estudo, 40% do alunos do sexo masculino e 20% do sexo feminino, das redes pública e privada de ensino de Goiânia, já praticaram sexo alguma vez. Destes, apenas 75,5 % usaram preservativos. Outro dado preocupante é em relação ao cigarro. A cada quatro estudante das capitais pesquisadas, um já fumou alguma vez. Em Goiânia, 21% dos estudantes já experimentou o cigarro. Curitiba é a capital brasileira com o maior índice de adolescentes que já fumaram, com 35%. Em seguida, aparece Campo Grande, com 32,7%, e Porto Alegre, com 29,6%.
Quanto ao álcool, em Goiânia, 71,7% dos estudantes já experimentaram bebidas alcoólicas. Nas outras capitais, 75,2% eram alunos da rede particular de ensino, enquanto 70,3% eram da rede pública. Curitiba registrou maior índice, com 80,7% e Macapá, o menor com 55,1%.
Goiânia lidera o percentual (23,4%) de alunos que já foram transportados em veículos conduzidos por motoristas que consumiram bebidas alcoólicas. O menor percentual de alunos expostos a este risco, foi de Manaus, com 14,4%.
Maioria consome guloseimas e refrigerantes
41,5% dos estudantes de Goiânia praticam atividades físicas regularmente dentro ou fora da escola, segundo o estudo. Em todas as capitais pesquisadas, 56,9% eram inativos ou insuficientemente ativos, em termos de prática de atividades físicas. Os estudantes que mais praticaram exercício foram os de Curitiba (49,0%) e de Florianópolis (48,5%). Os maiores percentuais de jovens sedentários são de São Luís (65,8%) e Maceió (64,5%).
Em Goiânia, 76,8% dos estudantes consomem alimentos saudáveis, porém, 56,8% também ingerem guloseimas (balas, bombons, chicletes, doces, chocolates e pirulitos). 38,7% bebem refrigerante com frequência. Nas outras capitais brasileiras, o apetite para alimentos não saudáveis é maior entre os escolares do sexo feminino (58,3%) do que entre os do sexo masculino (42,6%).
O consumo de batata frita foi de 4,7% e o de salgados fritos, 12,5% no total das capitais. Nos dois casos, não foram observadas diferenças significativas entre os sexos. Porém, para os salgados fritos, constatou-se maior consumo entre os escolares de escolas privadas (14,3%) do que entre os estudantes das escolas públicas (12,0%).
Em relação aos alimentos saudáveis, o feijão é o preferido dos estudantes de Goiânia (76,8%) e das outras cidades pesquisadas. Do total, 62,6% são meninos e 57,4%, meninas. Entre alunos das escolas públicas, 65,8% comeram o legume em cinco dias ou mais na semana anterior à realização da pesquisa. Nas escolas privadas, foram 50,1%.
O consumo de hortaliças, a diferença maior ficou entre os alunos das escolas privadas (34,3%) e públicas (30,4%). Não foram observadas diferenças significativas entre os sexos (feminino 31,3% e masculino 31,2%) para o total do levantamento.
Alunas vomitam para perder peso
A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (Pense), nome dado à pesquisa divulgada ontem pelo IBGG, mostrou também que um terço das meninas (33,3%) do nono ano do ensino fundamental fazem alguma coisa para emagrecer. Entre essas, 6,9% já vomitaram ou tomaram medicamentos de uso controlado (fórmulas para emagrecer) com o intuito de não ganhar peso. "Há uma disseminação de um padrão estético ideal na sociedade que atinge em cheio essas meninas que estão numa idade de muita insegurança", disse ontem o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Segundo ele, apesar desses medicamentos serem controlados, existe um comércio ilegal deles, principalmente na internet. "A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem fazendo um trabalho rigoroso de fiscalização. Esses números mostram que a situação é realmente preocupante", afirmou o ministro, que participou da divulgação do estudo.
A Pense foi realizada pela primeira vez com um universo de 61 mil estudantes do nono ano do ensino fundamental de 6.780 escolas públicas e particulares, entre março e junho de 2009. A maioria deles (90%) tinha entre 13 e 15 anos. Eles responderam anonimamente ao questionário, que continha perguntas sobre o contexto social e familiar, uso de cigarro, álcool e drogas ilícitas, violência, saúde bucal e percepção e atitude corporal. O uso de álcool, como já havia sido mostrado por estudos anteriores, continua alto em todo País. Do total, 71,4% já haviam experimentado bebidas alcoólicas pelo menos uma vez. (AE)