O Popular - Política - Dia 20/12/2009
Cédulas com série numérica idêntica a de lote apreendido em empresas estavam na residência oficial do governador Arruda
Agência Estado
Brasília - A Polícia Federal encontrou nas dependências da Granja de Águas Claras, residência oficial do governador do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda (ex-DEM), dinheiro cuja série numérica é a mesma de um lote de cédulas apreendidas em duas empresas Vertax e Adler, acusadas de bancar o esquema de corrupção que ficou conhecido como "mensalão do DEM". Em outro local, os investigadores descobriram com um ex-assessor de Arruda notas previamente marcadas com tinta invisível para identificar os destinatários da suposta propina.
Em 11 de dezembro, cédulas da série A3569 foram encontradas no gabinete de um assessor de Arruda, na residência oficial, e nas empresas Vertax e Adler, que mantêm contratos com o governo do DF.
Suposta propina estava na mesa de um assessor
Agência Estado
Brasília - Na residência oficial de Águas Claras, o dinheiro foi apreendido pela Polícia Federal (PF) na sala de trabalho de Fábio Simão, então chefe de gabinete de Arruda. Homem de extrema confiança do governador, Simão foi demitido após a operação. A informação consta de relatório encaminhado pela Polícia Federal ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o resultado das buscas realizadas no dia da operação. A descoberta reforça ainda mais as provas sobre os laços financeiros entre o grupo de Arruda e as empresas prestadoras de serviço. A suspeita é de que o dinheiro encontrado na residência oficial seja proveniente do caixa dessas empresas.
TINTA INVISÍVEL
O mesmo relatório da PF contém outros dados que atestam a ligação entre o círculo íntimo do governador e as empresas apontadas como fornecedoras de propina ao esquema. O documento revela que parte da verba recebida das empresas e distribuída pelo ex-secretário Durval Barbosa, que se transformou no pivô do escândalo ao gravar e denunciar as negociatas, foi encontrada na casa de Domingos Lamoglia, ex-assessor pessoal de Arruda nomeado por ele como conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Novamente, nesse caso, é a Vertax que aparece como fonte do dinheiro. Segundo o relatório, as cédulas encontradas na residência de Lamoglia fazem parte de um lote de R$ 600 mil que Barbosa recebeu das empresas, a título de propina, para repassar a outros integrantes do governo. Como Barbosa já estava colaborando com a investigação, as cédulas foram marcadas pela polícia com tinta invisível antes de serem passadas adiante. A estratégia dos investigadores era deixar que o dinheiro fosse distribuído aos membros do governo para, na ação de busca e apreensão, identificar os destinatários da propina.