O Popular - Economia Dia 29/12/2009
Com o aumento, valor máximo da parcela sobe de R$ 870 para R$ 954,21. Decisão vale a partir de janeiro de 2010, com pagamento em fevereiro
Lídia Borges
Os trabalhadores que tiverem parcelas de seguro-desemprego emitidas a partir do próximo dia 1°, com pagamento em fevereiro, receberão o benefício com reajuste de 9,67%. O valor máximo da parcela, que era de R$ 870, passou para R$ 954,21, e é referente aos salários acima de R$ 1.403,28. Já o menor valor de pagamento do seguro-desemprego acompanha o salário mínimo, que vai para R$ 510 a partir de janeiro de 2010. A mudança foi uma decisão do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).
Em Goiás, de janeiro a novembro deste ano, R$ 567,13 milhões foram pagos em seguro-desemprego, segundo informações da Caixa Econômica Federal (CEF). O valor é 36,2% superior ao que foi pago no mesmo período do ano passado (R$ 416,39 milhões). Em números de beneficiários, foram 197.719 trabalhadores que receberam o benefício de janeiro a outubro de 2009, de acordo com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE-GO).
Washington Nascimento, 21, perdeu a vaga como chefe de cozinha de um restaurante de Goiânia em novembro. Ele recebe R$ 624 de seguro-desemprego e diz que a quantia é essencial para pagar as despesas pessoais e com aluguel, já que mora sozinho. Para ele, o reajuste pode representar um fôlego a mais na hora de pagar as contas. "Todo dinheiro que entra é bem-vindo."
Para Maria Aparecida Pereira, 44, que está desempregada desde outubro e recebe R$ 465 de benefício, os R$ 45 a mais na parcela vão pagar uma semana de combustível em seu orçamento. "É com o seguro que pago o cursinho pré-vestibular das minhas filhas", afirma.
O seguro-desemprego é um direito do trabalhador dispensado sem justa causa, por ou que teve contrato de trabalho suspenso em virtude de participação em curso ou programa de qualificação oferecido pelo empregador. O benefício também é concedido a pescadores profissionais, durante o período em que há proibição para pesca, e a trabalhadores que são resgatados da condição análoga à de escravidão. Para o cálculo do valor das parcelas, é feita uma média dos três últimos salários.
Comércio e Serviços
O comércio foi o setor de maior demanda pelo seguro-desemprego este ano no Estado. Até novembro, 66,8 mil trabalhadores deste segmento solicitaram o benefício e, destes, 57,7 mil receberam as parcelas, afirma a chefe do Seguro-Desemprego da SRTE-GO, Eleusa de Castro.
Em seguida, estão as áreas de serviços - que foi também o que mais demitiu até novembro -, com 55.579 beneficiados, indústria (44.600), construção civil (20.295) e agricultura (18.511). Para o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio no Estado de Goiás (Seceg), Eurípedes Raphael Maia, o seguro-desemprego assume grande importância para o trabalhador do comércio principalmente pela alta rotatividade de empregos no setor.
Ele afirma que, ao acompanhar o reajuste do salário mínimo, o benefício garante um padrão de vida ao desempregado semelhante ao que tinha antes de perder a vaga. "O comércio é muito dinâmico. Há muitos empregos, mas há também muitas demissões, principalmente pela substituição de mão-de-obra", ressalta.
O presidente da Federação do Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Goiás e Tocantins (FTIEG-GO/TO), Edvard Pereira de Souza, frisa que o índice de reajuste de 9,67% para o seguro-desemprego tem grande relevância por ser superior à inflação do período. "O trabalhador acaba tendo um ganho real justamente no momento em que mais precisa, que é quando está desempregado."
Na agricultura, uma das maiores reivindicações é pelo pagamento do seguro-desemprego para as atividades sazonais, afirma o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg), Elias D'Angelo Borges. Ele explica que, como o contrato de trabalho de muitas pessoas que atuam no campo possibilita a demissão nos períodos de entressafra, os trabalhadores passam um período sem garantias.
"Em poucos meses de trabalho, a pessoa não consegue fazer planos. E existe um período em que o trabalhador do setor rural vai ficar desempregado. Por isso, deveria ter direito ao seguro", destaca.
Lupi prevê ganho real do salário
Agência Estado
Brasília - O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, previu ontem um ganho real (acima da inflação) do salário dos brasileiros, em 2010, de 6%. Em 2009, segundo o ministro, o ganho real do salário deverá fechar em 4%, apesar do impacto da crise financeira internacional na economia. Lupi calcula um aumento de mais de mais de dois milhões de empregos em 2010.
Para 2009, a estimativa de Lupi é de que o ano termine com 1,2 milhão de novos empregos. Em dezembro, estima o ministro, a perda de emprego com contratos temporários de fim de ano deverá ser de 250 mil. O volume é menor do que os 300 mil contratos de trabalho temporários que foram encerrados no final de 2008.
Segundo o ministro, 2010 será o melhor ano para a geração de emprego do governo Lula. Na sua avaliação, o presidente Lula terminará o seu segundo mandato com 12,5 milhões de empregos com carteira assinada criados.