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O Estado responde por 18% dos casos apurados em todo o Brasil: 800 nos últimos 20 anos, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da Justiça. São Paulo, o segundo colocado, teve apenas 99 inquéritos abertos pela PF.

Goiás é também o Estado com mais resultados dessas investigações. Entre 2004 e 2009, 22 pessoas foram condenadas pela Justiça Federal pelo crime de tráfico de seres humanos. O procurador da República Daniel de Resende Salgado, titular do ofício criminal que atua na repressão a esse crime, ressalta que as penas aplicadas pela Justiça brasileira são maiores do que as dos países em que os crimes foram praticados.

Enquanto em Goiás, a média de penas foi de 4 a 14 anos, na Suíça os mesmos réus foram condenados a 2 anos. Em 2010, revela o procurador, houve mais duas condenações. Resende credita essa situação à atuação incisiva da Polícia Federal na repressão ao tráfico. “Não é possível dizer que temos o maior número de traficantes, mas sim que temos mais investigações e resultados”, entende.

Espanha e Portugal continuam sendo as principais rotas para onde são levadas as goianas. O Ministério Público Federal traçou o perfil das vítimas: 98% dos casos atendidos são de mulheres, a maioria de bairros pobres e do interior do Estado, com idades entre 16 e 26, com um ou mais filhos, frutos de relacionamentos diferentes. “Elas estão em situação de grande vulnerabilidade”, resume Resende.

Para chamar a atenção para o tráfico de seres humanos – modalidade criminosa que movimenta US$ 31,6 bilhões por ano, segundo organismos internacionais –, o Ministério da Justiça lançou ontem uma campanha em dez cidades onde o tráfico de pessoas ocorre com mais frequência, Goiânia entre elas. Foram distribuídas peças publicitárias por aeroportos, rodoviárias e outros locais de grande movimentação de pessoas.

Apesar de alarmantes, os casos de tráfico de seres humanos, especialmente de mulheres aliciadas para a exploração sexual em países europeus, tiveram uma queda de 70% no ano passado em relação a 2008. A estimativa é do chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do governo estadual, Elie Chidiac, que comanda o órgão desde sua criação, em 2000. Chidiac atribui a queda à crise econômica que atingiu em cheio os países da Europa onde a atividade de grupos criminosos é mais intensa, como Portugal, Espanha e Suíça, e também a trabalhos de conscientização.


Fonte: Carla Borges, Jornal O Popular