Sinjufego

Historiador e professor do Instituto Federal de Ensino Tecnológico de São Paulo (Ifet-SP), Valério Arcary enumerou as consequências da crise do capitalismo, que estourou em 2008, e os “efeitos colaterais” que as medidas adotadas trouxeram para a classe trabalhadora em todo o mundo. De acordo com ele, o principal plano para salvar os bancos e as grandes empresas da depressão foi reduzir os gastos nos setores públicos e romper o contrato com a sociedade, retirando direitos históricos da classe trabalhadora. “No Brasil e nos outros países, seguiu-se a intervenção emergencial, que teve início nos Estados Unidos, optando por socorrer os bancos e honrar com os contratos”, disse Arcary, avaliando que uma das principais consequências da crise é o desemprego crônico e a precarização das condições de vida dos trabalhadores, inclusive nos países centrais.

Apresentando alguns dados estatísticos e econômicos ao plenário, o professor fez um histórico da realidade dos trabalhadores brasileiros do final da década de 80, início dos anos 90, quando teve início a implementação do modelo neoliberal na América Latina, até agora. Ele explicou, por exemplo, a defasagem salarial e o rebaixamento das condições de trabalho a que várias categorias foram submetidas. Como exemplo, citou os funcionários do Banco do Brasil e os professores do Estado de São Paulo, atualmente em greve contra as políticas do governo de José Serra. “A mobilidade social foi diminuindo consideravelmente nas últimas décadas. Várias categorias sofreram graves ataques e a precarização”, afirmou.

Arcary encerrou sua fala com uma avaliação sobre o movimento sindical e apontando alguns desafios para a organização dos servidores do Judiciário Federal e MPU. “As organizações dos trabalhadores precisam ser independentes. Em vários momentos, o movimento sindical confunde o seu papel. É preciso saber distinguir quem são os amigos e quem são os inimigos da classe trabalhadora”, finalizou.

Agenda sindical
Artur Henrique, presidente da CUT, central a qual a Fenajufe é filiada, também deu início a sua fala conceituando a crise dos últimos dois anos. “Os grandes veículos de comunicação falam da crise, como uma crise econômica e não como uma crise do sistema capitalista. Quem tem que dizer o que realmente essa crise representou somos nós e não os meios de comunicação, que representam os interesses da direita”, ressaltou, argumentando, ainda, que os países gastaram trilhões de dólares para “socorrer” os bancos, “valor infinitamente maior que o necessário para acabar com a fome no mundo”.

Para o presidente da CUT, as organizações sociais e sindicais precisam pensar o processo eleitoral, neste ano de 2010, como uma forma de discutir o modelo de país que os trabalhadores querem, o papel do Estado e a até mesmo a proposta de reforma política. Também apontou alguns eixos necessários para uma plataforma que atenda aos interesses dos vários setores organizados.

Em relação aos servidores públicos, Artur apresentou como desafio a aprovação da ratificação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a garantia do direito irrestrito de greve e o combate ao PLP 549/09, que limita os gastos com o funcionalismo público até 2019. “Os projetos que congelam o salário dos servidores são propostas daqueles que querem reduzir o papel do Estado. Por isso, a nossa intervenção no processo eleitoral tem que ser a pauta dos trabalhadores”.

No dia 1° de Maio, quando se comemora o Dia Internacional do Trabalhador, a CUT lançará uma agenda sindical, em conjunto com várias entidades sindicais e organizações sociais. “O nosso objetivo é construir uma unidade dos movimentos. Em junho vamos realizar uma grande Assembleia da Classe Trabalhadora, em São Paulo”, informou Artur Henrique.

 
Fonte: Agência Fenajufe de Notícias

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