O Popular - Economia - Dia 21/11/2009

Mariza Santana

Baixa qualificação dos trabalhadores, diante das rápidas mudanças tecnológicas, ainda é o principal empecilho para o melhor aproveitamento das oportunidades do mercado. Os números do Sistema Nacional do Emprego (Sine) relativos ao período de janeiro a outubro deste ano mostram que o mercado de trabalho goiano tem reagido de forma positiva, mesmo diante da crise financeira mundial. O total de vagas captadas junto às empresas (83.611) cresceu 12,7% sobre igual período de 2008. A quantidade de trabalhadores colocados (28.655) aumentou 8,25%.

Mas o aproveitamento das vagas ofertadas ainda é inferior a 40%. Nos dez primeiros meses do ano, foram preenchidas 34,3% das oportunidades de trabalho disponíveis. Para o coordenador estadual do Sine, órgão vinculado à Secretaria do Trabalho, Rosemberg Rocha, contudo, o motivo não é apenas a falta de qualificação dos trabalhadores.

Perfil

Em muitos casos, observa Rocha, o empregador define uma série de exigências que não é atendida pelos candidatos. “Só podemos encaminhar trabalhadores que se encaixem no perfil solicitado pela empresa”, explica. Segundo ele, isso faz com que muitas vagas fiquem ociosas.

O coordenador do Sine informa que a Secretaria da Cidadania e Trabalho busca levantar as carências do mercado para oferecer cursos de qualificação profissional. Estão programados para começar no próximo ano cursos na área da construção civil destinados a 1.530 beneficiários em Goiânia do Programa Bolsa Família, para pedreiro, azulejista, encanador, eletricista e gesseiro.

Outro instrumento que está sendo preparado e deve entrar em operação ainda este mês é o Sine Móvel, que vai mobilizar maior número de trabalhadores e empresas em cidades do interior.

Além das 38 Unidades de Atendimento ao Trabahador (UAT) do Sine que funcionam hoje, mais 9 serão abertas até julho de 2010. Entretanto, ele admite que é difícil ampliar rapidamente o porcentual de vagas preenchidas.

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Goiás (FCDL), Agenor Braga Filho, argumenta que as empresas estão mais exigentes na hora da contratação devido à evolução tecnológica do mercado. “Os vendedores de loja precisam entender de informática, assim como quem trabalha numa central de distribuição”, afirma.

Ferramentas

Para se tornar mais competitivas as empresas adotam cada vez mais a tecnologia da informação (TI) e o trabalhador precisa saber lidar com novas ferramentas de trabalho, o que exige maior escolaridade e qualificação, destaca Agenor Braga.

O coordenador técnico da Federação das Indústrias no Estado de Goiás, Welignton da Silva Vieira, reforça essa posição. Ele lembra que, no caso da indústria, hoje o funcionário precisa ser capaz de ler manual, operar máquinas, fazer cálculos, mesmo nas funções mais simples, por causa do processo de modernização tecnológica. Até na construção civil os trabalhadores precisam aprender a lidar com produtos e equipamentos, o que exige maior capacidade intelectual.

O Sistema Senai/Senac aumentou a oferta de cursos de capacitação gratuitos, mas é preciso ter nível básico de educação, pondera Weligton Vieira. Ele observa ainda que é preciso se conscientizar que não existe mais emprego permanente. Por isso, o trabalhador tem de estar se aprimorando constantemente para manter sua empregabilidade diante das rápidas mudanças tecnológicas que estão ocorrendo.