Hoje Notícias - Política - Dia 29/11/2009
Mirelle Irene
Na semana em que o governador Alcides Rodrigues (PP) foi mais objetivo ao declarar seu afastamento do PSDB, seu maior aliado em 2006, os tucanos ainda preferem não entrar no mesmo tom e, pelo menos publicamente, a maioria ainda prefere não admitir um rompimento.
Entre os deputados tucanos, as declarações na semana sobre o assunto procuraram primar pela discrição. Para o presidente da Assembleia, Helder Valin, é preciso lembrar que Alcides foi eleito por um coletivo que lhe hipotecou suporte político. "Do Tempo Novo nós temos três governos, dois de Marconi e este de Alcides", assinala.
"Entendo que nós todos elegemos o governador Alcides para este mandato. Respeito qualquer opinião, porque em política se trabalha com contrários, principalmente a do governador", disse, conciliador, durante uma das sessões.
Valin se identifica com a ala tucana moderada, principalmente quando o assunto é o relacionamento com o governador. "O PSDB deve continuar trabalhando a união da base, senão da cúpula do PP, mas a base, os municípios, que entendem que nós estamos no caminho certo", sugere, porém, sobre o grande apoio que o senador Marconi Perillo tem no interior.
O colega de Valin na Mesa Diretora, o vice-presidente Honor Cruvinel enxerga em ideias como a da terceira via uma estratégia inicial da campanha de 2010. "Os partidos tentam se fortalecer para se sentar à mesa de negociações", avalia. Em relação à exclusão do PSDB do processo, Honor é lógico. "Eles falam claramente que a terceira via é para evitar a polarização entre Marconi e o candidato do PMDB. Então, se é para acabar com a polarização, é natural que, neste primeiro momento, não convidem o PSDB", aponta.
Negociações
O vice-presidente da Assembleia revela que o PSDB ainda continua com a esperança de que, no momento certo, ainda poderá ser convidado para as negociações. "Afinal, política é feita com diálogo, com muita conversa", disse. Mas o tucano indica a característica política que justificaria o PSDB ainda sentar na mesa de negociações da candidatura a ser apoiada pelo atual governo. "Política é feita, principalmente, no sentido de ter a vitória. Ninguém articula a não ser para ganhar as eleições do próximo ano", afirma.
Um dos representantes do norte goiano na Casa, Julio da Retífica revelou preocupação com a hipótese de o PSDB declarar publicamente o rompimento com o governador Alcides. "Para o bem de Goiás, espero que ainda possa haver união", disse. "Há problemas de todos os lados, nunca escondemos isso, mas sei que unidos nós somos fortes. Se dividir, enfraquece, não tenho dúvida nenhuma", analisa. "O governador tem o direito de escolher com quem ele quer andar, agora, me preocupo porque a base quer união", esclareceu.
Já o vice-presidente do PSDB, o deputado Daniel Goulart, é mais radical em sua análise e enumera o descontentamento dos tucanos com o governo Alcides. "Para mim isso não é nenhuma novidade. Ele já não quis conversar conosco sobre a composição do governo em 2006, após as eleições", lembra.
Para Daniel, as últimas declarações do governador Alcides sobre se o PSDB não deve mudar os planos eleitorais da legenda. "Vamos continuar cada vez mais próximos das lideranças, dos prefeitos, dos vereadores e, no momento oportuno, nós, que temos credibilidade, tradição de fazer política em cima de projetos, vamos apresentar a Goiás um projeto mais avançado do que este que nós apresentamos", disse, se referindo ao Tempo Novo, coligação que elegeu Alcides, em 2006.
Goulart acha a articulação da Nova Frente pela terceira via frágil, ainda. "Apenas alguns membros da cúpula têm se reunido, sem interlocução nenhuma com a base", critica. Sobre a reclamação do PP em relação aos processos que os tucanos movem contra o partido do governador, Daniel desconversa, no entanto. "Isso é apenas um pretexto, o questionamento foi feito pela direção nacional do PSDB, que criticou a antecipação de campanha por parte do presidente (quando ele esteve em Goiás pela última vez, em agosto)", afirmou.