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1JoãoBatista cópiaPor João Batista Moraes Vieira

No segundo semestre de 2015, durante a histórica mobilização pela derrubada do veto, nós tínhamos um poderoso canhão para tentar, com até mais chance de êxito, a aprovação do PL 2648/2015 com as melhorias pretendidas pela categoria. 

À época fomos à guerra com uma única estratégia, e de nada adiantaram os alertas sobre o futuro agravamento da crise político-econômica que poderia se instalar no país em 2016, o que dificultaria qualquer aprovação de reajuste salarial. Foram ainda menosprezados os obstáculos para se derrubar o veto e não sabíamos também o que fazer depois do day after day em caso de manutenção do veto.

E hoje, já quase em abril de 2016, usando agora balas de festim, estamos de volta ao passado para pedir aquilo que fora negado com tanta veemência e com tanto radicalismo. Na campanha do veto não havia espaço para o diálogo ponderado e quem ousava discordar era colocado no paredão de fuzilamento. 

Cito exemplo de uma cena atual da nossa saga "de volta ao passado": os que ontem boicotavam o requerimento de urgência do PL 2648 são os mesmos que hoje estão, de forma improvisada, abordando os deputados nos corredores da Câmara para que o PL 2648 seja imediatamente levado ao Plenário da Casa. Parece que a melhor proposta de hoje é a proposta de ontem. 

Em se tratando de sensatez, mérito à direção do Sinjufego que apresentou na reunião dos sindicatos com a Fenajufe em 27/11/2015 a proposta vencedora de se trabalhar o requerimento de urgência, pois naquele momento não tínhamos tempo a perder diante da gravidade da crise institucional que já se anunciava, mas o boicote da política sindical de facas entre os dentes não deixou que o PL 2648 avançasse em sua aprovação no final de 2015. 

Já estamos às portas de abril e atualmente estamos no olho do furacão de um acirramento político que não se sabe quando e como termina, paralisando qualquer discussão no Congresso Nacional sobre projeto de reajuste salarial. E com o contingenciamento orçamentário, decorrente da acentuada queda na arrecadação tributária federal, corre-se o risco real do governo nem cumprir neste ano os acordos salariais firmados no ano passado com as outras categorias dos SPF's. Espero que em 2016 e 2017 não bata aquela saudade daquilo que poderíamos ter conquistado em 2015, dentro de uma negociação que deveria ter sido mais racional e menos passional.

Agora está demonstrado que a estratégia do tudo ou nada é um risco que impõe perdas aos servidores e faturamento político àqueles aproveitadores que pegam carona na mobilização da categoria, que contavam desde então colher os dividendos no 9º Congrejufe. É uma pena que os servidores do PJU não fazem uma leitura mais aprofundada do cenário de interesses que há por trás de nossa luta. Aliás, ler não tem sido muito nosso forte, continuamos preferindo a facilidade dos áudios. 

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João Batista Moraes Vieira é diretor de organização do Sinjufego e coordenador da Fenajufe

Obs.: Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não representando, necessariamente, a opinião da diretoria do Sinjufego

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