1joaobatistaPor João Batista Moraes Vieira

Há fortes indícios de que 2016 caminha para ser mais um ano perdido para os servidores do Judiciário Federal. Ontem, 13/04, o líder do Democratas na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), disse que nada se vota antes da decisão do impeachment.

Ora, nenhuma novidade nisso. Ainda tem mais: nada se votará no Senado na situação hipotética do impedimento da presidente se confirmar na Câmara. Nesse caso, a admissibilidade do afastamento, por maioria simples, deve ser deliberada no Senado lá pelos meados de maio, depois se passaria à fase do julgamento propriamente dito com prazo de 180 dias na gestão do vice-presidente que já anunciou no seu "discurso de posse" que o povo deverá contribuir com sacrifícios e sob a sua nova direção colocará uma placa de "fechado para balanço".

Se erramos em 2010, ao confiar num acordo de Lula e Peluso após as eleições daquele ano; erramos também em 2015, ao não aproveitar a forte mobilização contra o veto para buscar melhorias e aprovar o PL 2648. Em ambos perdemos o bonde da história.

Os dirigentes sindicais devem ter sempre o compromisso de guiar a categoria para o melhor caminho e não se deixarem levar por interesses estranhos aos dos servidores nem pela fogueira das vaidades de fotos, áudios, vídeos nem pelas pretensões políticas sindicais ao Congrejufe. É preciso haver trato sério com os assuntos da categoria.

O setor CUTISTA/PETISTA está pagando caro pelo erro que foi feito em 2010, está perdendo sindicatos como num efeito dominó. Esse segmento encabeçou a saída de uma greve forte que nos levaria a conquista do PCS em 2010. Igualmente a ala radical do PSTU/LUTAFENAJUFE começa a sentir o baque pelo erro cometido em 2015, setor esse que esticou perigosamente a corda no pescoço da categoria, endossou em 2015 articulação para arquivar o requerimento de urgência e hoje desesperadamente atua pela aprovação do requerimento de urgência.

O atual cenário político-econômico continua muito nebuloso. Nada está garantido em 2016, não vamos dourar a pílula. Com a queda na arrecadação federal, começa a sair falas sobre parcelamento de salários dos servidores. Não queremos que a pauta de reivindicação dos sindicatos corra o risco de se transformar numa bandeira de luta contra o parcelamento e atraso de salários. Fiquemos atentos a isso.

2015 é a imagem refletida no espelho de 2010. Nesses anos tivemos as melhores chances de sair do zero, de pelo menos diminuir nossas perdas. Estamos hoje pagando pelos erros cometidos no passado. É preciso que os líderes sindicais façam essa mea culpa e que não insistam mais nos erros.

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João Batista Moraes Vieira é diretor de organização do Sinjufego e coordenador da Fenajufe

Obs.: Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não representando, necessariamente, a opinião da diretoria do Sinjufego