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O Popular - Política - Dia 07/03/2010

Duelo de ‘heranças’ norteará eleição
Bruno Rocha, Carlos Eduardo e Fabiana Pu

A chegada do mês de março, reta final do prazo para a desincompatibilização dos candidatos às eleições, deflagrou de vez a sucessão ao governo de Goiás. Os três principais grupos políticos, capitaneados pelo governador Alcides Rodrigues (PP), pelo senador Marconi Perillo (PSDB) e pelo prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), já começaram a montar suas equipes de campanha e a definir as estratégias para o embate contra os adversários. Numa reedição de 1998, Iris e Marconi devem se enfrentar novamente na corrida ao Palácio das Esmeraldas e prometem polarizar a disputa. Se dois dos personagens serão os mesmos, o enredo do duelo será distinto: o antagonismo entre novo e antigo deverá ficar em segundo plano e o confronto será de modelos e heranças na área administrativa. Marconi dará destaque para o social, com foco no desenvolvimento e a aposta na memória recente de seus dois governos (1999-2006). Iris procurará mostrar Goiânia como vitrine da vocação do PMDB para obras de impacto, desta vez mostrando que o partido se “modernizou” e “renovou” após as derrotas de 1998 e 2002. Já Alcides, que ainda não definiu seu candidato, apostará no ajuste fiscal nas contas do Estado para afirmar que, mesmo com austeridade, é possível manter os investimentos e obras sem comprometer o equilíbrio financeiro do governo.

Infraestrutura será enfocada nos discursos
Bruno Rocha Lima

Prevalecendo a tendência de comparação das gestões, o PMDB insistirá na tese de que o legado de seus governos na área da infraestrutura até hoje beneficia os goianos, enquanto, defendem, o PSDB não conta com um conjunto amplo de obras de grande porte para apresentar aos eleitores. Iris Rezende já bate nessa tecla em seus discursos, dizendo que pouco foi feito nessa área durante a gestão de Marconi Perillo (PSDB).

O prefeito alega que as bases para o crescimento do Estado foram implantadas por ele e que agora poderia proporcionar a Goiás um novo salto de desenvolvimento. Aposta também que o PSDB não conta mais com o fator “novidade” de anos atrás e que o período que passaram à frente do Palácio das Esmeraldas trouxe muitos desgastes ao partido.

O PMDB pega carona no debate entre governo e tucanos sobre o déficit nas contas do Estado e a dívida da Celg e aproveita para atacar o senador Marconi. A estratégia do partido é sair em defesa do governador Alcides, dando-lhe respaldo político para continuar arranhando a imagem do tucano.

Mas os peemedebistas têm o problema de, assim como o PSDB, também terem de se explicar quanto ao rombo na Celg, já que foram responsáveis pela venda da Usina de Cachoeira Dourada, apontada como um dos fatores que mais contribuíram para a atual situação da estatal. Têm também de superar os desgastes com o funcionalismo público e a dianteira dos tucanos na área social – que contam com programas como o Renda Cidadã e o Bolsa Universitária para expor na vitrine.

Definição de alianças se acelera
Bruno Rocha, Carlos Eduardo e Fabiana Pu

Enquanto definem o discurso e a estratégia da disputa para o Palácio das Esmeraldas, os três principais grupos políticos do Estado também correm em busca do maior número de aliados para o embate.

Um partido tem se destacado nas articulações: o PR do deputado federal Sandro Mabel, noiva cobiçada por Alcides Rodrigues (PP), Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB). Ciente do interesse dos três grupos políticos por seu apoio, Mabel diz que a decisão será tomada pela base do partido, mas flerta com os três líderes.

O PR está mais próximo de Alcides e Iris, que têm mantido relação amistosa . O partido tem o vice Ademir Menezes e cargos de destaque na Prefeitura, mas entraram nas duas últimas eleições em coligação com os ex-aliados Alcides e Marconi. Para complicar, na sexta Ademir e Mabel se uniram nos elogios a Marconi, no aniversário de 47 anos do senador.

Marconi atua contra ‘desmanche’ de gestão
Senador quer anular efeito das críticas a seus governos e evitar uso de obras por ex-aliados
Carlos Eduardo Reche

No meio do fogo cruzado entre PP e PMDB, o PSDB têm tentado preservar o patrimônio administrativo de seu candidato, o senador Marconi Perillo. Nos bastidores, os tucanos afirmam que, apesar da disputa histórica com os peemedebistas, é do embate com os pepistas que Marconi e o PSDB tem mais se ocupado.

No front de batalha com os seguidores do governador Alcides Rodrigues (PP), vice dos dois mandatos do tucano (1999-2006), Marconi escalou um batalhão de aliados para defendê-lo das críticas do ex-aliado, concentradas no balanço das contas do Estado. Os soldados são deputados, integrantes do governo, ex-auxiliares e colaboradores de diversas áreas que estão reunindo informações sobre a atual administração e sobre as realizações da gestão tucana.

Nas últimas semanas, Marconi atuou claramente para anular os efeitos da tentativa de aliados de Alcides de “se apropriar” – como definiu um tucano – dos feitos da gestão tucana. Ele decidiu apoiar movimentos como o da conclusão das obras do Centro Cultural Oscar Niemeyer e pelo fim do imbróglio jurídico envolvendo a licitação do novo aeroporto de Goiânia.

“O governo usa o Centro Cultural para tentar atingir a minha imagem. Melhor seria colocá-lo em funcionamento”, disse no Twitter, em 19 de fevereiro.

O museu está envolvido em restrições impostas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) em função de irregularidades encontradas na execução dos serviços. “Lutei muito pela conquista do novo aeroporto. As obras foram paralisadas depois que deixei o governo”, disse o senador dia 3, sobre os problemas com as obras do aeroporto.


Frente adota discurso do equilíbrio de contas
Folhapress

O discurso da gestão responsável será o mote da campanha defendida pelo governador Alcides Rodrigues (PP), que articula aliança com DEM, PR e PSB. Na tentativa de ganhar espaço diante da polarização entre PSDB e PMDB, o governo pretende vender a ideia de que os modelos de gestão dos dois partidos deixaram o Estado em dificuldades financeiras.

O governo quer mostrar que equilibrou as contas do Estado, com medidas para reduzir gastos e aumentar a arrecadação, sem deixar de garantir investimentos necessários. Alcides tem dito em discursos que não deixará restos a pagar a seu sucessor.

Apesar do discurso pronto, a frente governista ainda não definiu candidato e, portanto, está mais atrasada nas articulações de pré-campanha do que os principais candidatos – senador Marconi Perillo (PSDB) e prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB).

A demora na escolha do nome gera desconfiança entre os próprios aliados, o que favorece a procura dos partidos por outros caminhos. Assediados por PMDB e PSDB, PR e DEM têm alternativas de alianças. Há o risco, portanto, do PP ficar sozinho, contando apenas com o PSB ou PTN.

Alcides tem dito aos aliados que a definição do nome ocorrerá até o final do mês, mas alega que não há motivos para ter pressa. Segundo ele, a exemplo de sua reeleição em 2006, a sucessão se define na reta final de campanha.

Entre os nomes cotados para a disputa, estão o secretário da Segurança Pública, Ernesto Roller (PP), o deputado federal Ronaldo Caiado, presidente estadual do DEM, e o prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso (PR).

Para a escolha do nome e elaboração do projeto de governo do grupo, a frente realiza pesquisa em todo o Estado para avaliar a imagem do governo e as expectativas da população quanto às demandas e a uma candidatura.

Escolhido para falar em nome da frente, o presidente da Goiás Turismo, Barbosa Neto, diz que a pesquisa é ampla e faz um diagnóstico completo sobre o Estado. Ela está sendo feita em etapas e deve ser finalizada este mês.

Para garantir apoios e melhorar a imagem do governo no interior, Alcides intensificou também contatos com os prefeitos e deputados estaduais. Ele vem ouvindo demandas e fechando convênios para obras, especialmente de asfalto e habitação

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