O Popular - Cidades - Dia 20/11/2009
Escadas do MP foram lavadas em ato de repúdio contra ação movida pelo órgão
Camila Blumenschein
Integrantes do Movimento Negro de Goiás e da Federação de Umbanda e Candomblé realizaram ontem, em frente ao Ministério Público (MP)estadual, uma manifestação de repúdio contra a ação do MP aceita pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), que suspendeu o feriado da Consciência Negra em Goiânia, que seria comemorado hoje.
Com cartazes e camisetas com dizeres como “Feriado sim! Racismo não!” os manifestantes lavaram as escadas do prédio do MP como uma forma simbólica de protesto. “A lavagem é um ritual que significa que estamos lavando essa proibição do feriado”, explicou uma das representantes do Movimento Negro, Lídia Maria do Nascimento.
Repúdio
De acordo com Roseane Ramos, outra representante do movimento, o objetivo da manifestação, além de repudiar a decisão contra a suspensão do feriado, é dialogar com o procurador do MP, Eduardo Abdon Moura, que propôs a ação direta de insconstitucionalidade, que foi aceita pelo TJ-GO na semana passada.
Segundo um manifesto, redigido pelo Movimento Negro e distribuído na manifestação de ontem, “o Ministério Público foi incapaz de compreender a luta do povo negro por uma sociedade mais justa e menos desigual”.
Diálogo
“Acreditamos que não será possível reverter a situação já para amanhã (hoje), mas não vamos desistir de lutar pelos nossos direitos e vamos insistir com o feriado para o ano que vem. Queremos destacar também que não exigimos o feriado por causa de folga, e sim para ser um dia que vai representar a nossa história, uma forma de minimizar as desigualdades”, declarou Roseane. O grupo entrou no prédio do Ministério Público e aguardou a chegada do procurador, que dialogou com os manifestantes.
Eduardo Abdon destacou a importância dos movimentos sociais para o desenvolvimento do País e disse estar sensibilizado com a manifestação. “A questão não é racista e também não estamos do lado dos empresários. A decisão foi tomada em defesa da causa jurídica e de acordo com a Constituição”, salientou.
O procurador reconheceu que faltou diálogo anteriormente e se comprometeu a analisar melhor a questão para uma possível mudança de posicionamento do MP. “Eu me comprometo a encontrar uma saída sem ferir a Constituição e acrescento que é possível conseguir o feriado por meio de uma lei federal”, acentuou.