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O Popular - Economia - Dia 21/11/2009

Por sugestão de José Nelto, deputados da comissão discutem dados da investigação a portas fechadas

Erika Lettry

Ao mesmo tempo em que defendem transparência nas investigações sobre o endividamento da Celg, os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Celg optaram pela polêmica decisão de realizar reuniões a portas fechadas para analisar dados técnicos. A primeira destas reuniões foi feita ontem com técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO), em que foi revelada parte dos dados colhidos sobre empresa entre 1984 e 1989.

A reunião, que começou aberta, acabou se tornando restrita a pedido do peemedebista José Nelto, que é um dos titulares da comissão. Não por acaso o período analisado pelo TCE-GO compreende a administração do PMDB, quando estiveram à frente do governo estadual o atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende (1983-1986), Onofre Quinan (1986-87) e Henrique Santillo (1987-91).

Com a restrição, participaram apenas a procuradoria da Assembleia, secretários, técnicos do TCE-GO, o presidente da CPI, Helio de Sousa (DEM), e o relator Humberto Aidar (PT). Os outros dois titulares, Coronel Queiroz (PTB) e Daniel Goulart (PSDB), não estavam presentes.

De acordo com o deputado José Nelto, o TCE-GO teria apresentado o pré-relatório apenas por meio de data-show, sem entregar os documentos do período analisado. Apesar de teoricamente haver pouco material disponível, ele confirmou ter sugerido a reunião fechada. “Pedi para a reunião ser fechada porque o que foi apresentado não vai servir como relatório. Queriam apresentá-lo como tal, mas os deputados Coronel Queiroz e Daniel Goulart não estavam presentes para questionar. Queremos transparência nesse processo. Além disso, quem apresenta o relatório é o Humberto Aidar, no final da comissão”, disse.

Cautela

O peemedebista alegou que muitas informações podem se mostrar infundadas ao longo das investigações e, por isso, seria preciso ter cautela. “Não podemos divulgar nada agora porque seria uma irresponsabilidade. Até porque o relatório não mostrou nada”, justificou José Nelto, rechaçando a hipótese de ter pedido sigilo aos documentos por se tratar do período administrado pelo PMDB. “O presidente e o relator, que não são do PMDB, concordaram com a reunião fechada. O PSDB também vai ter o mesmo tratamento quando for a sua vez.”

O TCE-GO prometeu entregar aos parlamentares até 4 de dezembro um relatório mais completo, abrangendo ainda os anos de 1983 e 1990. Mas, no que depender do grupo que se reuniu ontem, apenas o relatório final da CPI da Celg será levado a público.

Conforme publicado no site da Assembleia, Humberto Aidar teria acompanhado a disposição de José Nelto em fazer reuniões fechadas, divulgando apenas o relatório final. Para ele, a divulgação parcial dos relatórios preliminares pode prejudicar a investigação. “É uma maneira de assegurar o andamento das investigações de maneira técnica. O balanço final poderá oferecer inclusive uma visão ampla sobre as causas do endividamento da Celg”, defendeu.

Para Helio de Sousa, a auditoria que está sendo realizada vai mostrar informações pouco conhecidas da Celg entre 1983 e 1993. “O relatório preliminar produzido pelo TCE é bastante detalhado e será peça fundamental para a investigação. Esse documento prévio tem como objetivo fornecer informações aos membros para proceder à apuração das circunstâncias e decisões que provocaram o atual quadro econômico da empresa.”

Questionamentos

José Nelto questionou os dados preliminares do TCE-GO. De acordo com ele, não foram apresentadas informações detalhadas sobre empréstimos, contratos nacionais e internacionais, relação de ativos e passivos anuais e contratos com empresas terceirizadas. “Quero que o período do PMDB seja observado com lupa. Quero saber se a quarta etapa da Usina de Cachoeira Dourada foi superfaturada. Ou se teve acréscimo de empréstimo no período do PMDB. Não esclareceram nada até agora e nem trouxeram documentos.”, observou. “Não adianta querer correr para apresentar as coisas pela metade”.

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