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A mais recente pesquisa de intenção de votos do Datafolha traz uma coleção de más notícias para José Serra, o provável candidato do PSDB à sucessão de Lula.

Dilma Rousseff subiu – ele caiu. Dilma cresceu no Sul e no Sudeste, ainda fortalezas de Serra. A rejeição de Serra é a maior. Dilma bate Serra no voto espontâneo.

Está bom ou quer mais?

Então um pouco mais.

Serra perdeu três pontos percentuais no Sudeste, onde vivem 42% da população adulta do país. A vantagem dele ali sobre Dilma desabou oito pontos percentuais. Dos eleitores ouvidos pelo Datafolha, 42% afirmaram que pretendem votar no candidato de Lula. Outros 26% que talvez votem.

Diga-se de Serra que é um político experiente, realista e cerebral.

Em análise esboçada antes mesmo de o Datafolha ir a campo avaliar o humor dos brasileiros, ele listou algumas das dificuldades que enfrentará para se eleger presidente da República. Uma delas: o discurso de candidato.

Reconhece que o de Dilma, por ora, é superior ao dele. Dilma prega a continuidade de uma situação aprovada pela esmagadora maioria dos brasileiros. E ainda promete fazer algumas mudanças para melhor. Eleição, aqui ou em qualquer parte, se define com base em dois verbos: manter ou mudar.

Em 1998, quando o real começava a fazer água, o presidente Fernando Henrique se reelegeu por pouco ainda no primeiro turno. O medo do real se desmanchar com uma eventual eleição de Lula levou os brasileiros a conjugar o verbo manter. O real desmanchou-se em seguida no colo de Fernando Henrique.

Ainda vale a divisão simplificada do eleitorado proposta em 2002 pelo marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula.

Um terço vota no PT, um terço contra o PT e o outro terço decide a eleição. Até início de abril, Lula repassará a Dilma os votos do PT – mais rapidamente do que se imaginava.

O terço contra o PT está com Serra – e com ele permanecerá. Como atrair a fatia maior do terço restante?

Serra tem uma vaga idéia. Dilma tem uma idéia pronta. Serra sabe que a lembrança do segundo governo de Fernando Henrique poderá derrotá-lo – como o derrotou em 2002. Nada mais favorável a Dilma do que a lembrança do período Lula

Uma vez obrigado a engolir Dilma, o PT está empenhado em elegê-la. Para isso sacrificará qualquer candidato a governador – Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, inclusive.

Lula só espera a hora de varrer as candidaturas do PT ao governo de Minas Gerais para apoiar a candidatura de Hélio Costa (PMDB).

E o PSDB?

Desgastada por suspeitas de corrupção, Yeda Crucius, governadora do Rio Grande do Sul, insiste em tentar se reeleger. A candidatura de Beto Richa ao governo do Paraná desmontou o palanque que Serra armava por lá com a ajuda do PDT. Tasso Jereissati, no Ceará, é um problema para Serra. E Sérgio Guerra, em Pernambuco, outro.

O DEM já foi melhor companhia – aí a desgraça do governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, pôs tudo a perder.

Geraldo Alckmin é disparado o favorito para ganhar o governo de São Paulo. Mas se ele tocar a campanha em cima de suas realizações passadas como governador, esquecendo as de Serra? Isola! Bate na madeira!

Serra e Dilma provaram ser competentes como operadores do poder. Serra precisa provar que também é competente como operador político.

Operador do poder impõe. Operador político compõe. Dilma tem ao seu lado um magnífico operador político – Lula. O de Serra terá de ser ele mesmo.

Nas próximas semanas, espera-se de Serra alguma prova de maestria política. Só parece haver uma capaz de assombrar seus pares e assustar os adversários: a conquista de Aécio Neves para a vaga de vice. Se isso não ocorrer, Serra irá à luta dependendo do acaso, da sorte ou do erro do adversário para vencer.

Irônico, pois é. Quem serviu de sparring para que primeiro operário chegasse lá poderá também servir de sparring para que a primeira mulher chegue.

Momento decisivo para tucano

deu em o globo

Para especialistas, Serra terá que assumir candidatura para frear queda

De Germano Oliveira e Carolina Benevides:

O resultado da pesquisa Datafolha indica um único caminho para Serra: explicitar sua candidatura à sucessão presidencial. É essa a avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO. Para o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, Serra teria que tomar decisões de impacto, como anunciar logo a candidatura a presidente e formar uma chapa de peso, possivelmente com o governador mineiro, Aécio Neves, como vice. Paulino lembra que Dilma tirou votos do tucano, que perdeu eleitores inclusive no Sudes

te, onde sempre foi muito forte.

— O PSDB e o governador Serra precisam dar uma resposta imediata para reverter essa tendência de queda. Pode ser o anúncio da candidatura, o lançamento de uma chapa forte com o Aécio, ou seja, algo impactante para recuperar os pontos perdidos. Este é um momento decisivo para Serra reverter esse quadro, que hoje é mais positivo para Dilma — disse Paulino, analisando os dados da pesquisa Datafolha, publicada na edição de ontem do jornal "Folha de S.Paulo".

A pesquisa do instituto mostrou que a diferença entre Serra e Dilma caiu de 14 pontos para 4 pontos percentuais. Ou seja, apesar de Serra continuar liderando, com 32% das intenções de voto, Dilma se aproxima de um empate técnico, e em ascensão (subiu de 23% para 28%), enquanto Serra caiu de 37% para 32%.

Para Marco Antônio Villa, professor de história da Universidade Federal de São Carlos, Sera tem que assumir logo a candidatura. Diante de si, terá um desafio: "Precisa ser anti-Dilma sem ser anti-Lula", diz o professor.

— Serra não pode brigar com os fatos e dizer que o governo Lula é ruim. Ele tem que conseguir que as pessoas vejam as diferenças na trajetória dele e da Dilma e convencer que ele fará o país crescer mais e melhor.

Tasso surge como plano B tucano para vice de Serra

deu na folha de s.paulo

Resultado do Datafolha aumenta pressão para governador anunciar candidatura

A um mês do prazo fatal, Serra expõe a seus aliados angústia acerca da decisão, e partido tenta opção para tornar chapa competitiva

De Catia Seabra:

A redução da vantagem de 14 para 4 pontos sobre a ministra Dilma Rousseff (PT), registrada pelo último Datafolha, reforça a pressão do PSDB sobre o governador José Serra para que manifeste o quanto antes sua candidatura à Presidência.

Os números amplificam o assédio ao governador de Minas, Aécio Neves, para que aceite ocupar a vice de Serra, mas estimulam um plano B saído do Nordeste -o senador Tasso Jereissati (CE)- para a chapa.

Para os tucanos, Tasso é alternativa adequada a Aécio. Vendo em Serra sua única chance de vitória, o comando do PSDB espera que o governador avise logo que é candidato.

No sábado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a escolha de Tasso atrairia votos no Nordeste -onde Dilma, que tinha 3 pontos de vantagem em dezembro, agora tem 14- e neutralizaria os ataques de Ciro Gomes.

Em 2002, Tasso abriu uma ferida no PSDB ao apoiar Ciro Gomes (então no PPS) em vez de Serra para presidente. Na época, justificou que sua prioridade era o Ceará, onde PPS e PSDB se aliaram para eleger Lucio Alcântara ao governo.

Cresce pressão sobre Serra e Aécio

deu em o globo

No Datafolha, diferença entre governador paulista e Dilma cai; PT comemora

De Adriana Vasconcelos:

A crescimento da pré-candidata petista, Dilma Rousseff, na última pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial fez a oposição entrar em estado de alerta. Isso porque a redução da vantagem do governador paulista José Serra (PSDB) em relação a Dilma, de 14 para quatro pontos percentuais, foi maior do que se esperava. Os tucanos temem que isso reforce as especulações de que Serra poderia trocar a acirrada disputa nacional por uma reeleição mais tranquila em São Paulo. Outra preocupação para a oposição é a redução da diferença entre ele e Dilma no Sudeste, de 22 para 14 pontos. Com isso, aumentam também as pressões para que o governador de Minas, Aécio Neves, aceite ser vice na chapa de Serra.

Nos bastidores, alguns tucanos admitiram ontem que o maior temor agora é que a campanha oficial comece com Dilma Rousseff liderando as pesquisas, tirando o maior trunfo do PSDB até então.

A queda de Serra nas pesquisas está sendo atribuída não só à sua demora para oficializar a candidatura, mas aos problemas enfrentados pelo governador em São Paulo, como as enchentes nos dois primeiros meses do ano.

— Nosso problema é que não temos um candidato definido, o que suscita dúvidas entre nossos aliados. E é claro que isso causa preocupação — admite o líder do DEM, senador José Agripino (RN).

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