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O clima descontraído e interativo, contagiou a plateia feminina durante a palestra. A abertura foi acompanha pelos diretores do Sinjufego, João Wildson Júnior e Eduardo Saliba que, antes mesmo de a palestra ser iniciada, se retiraram para que as colegas servidoras ficassem à vontade.  Com um chamamento para que as mulheres se enxergassem na sua totalidade, a psicóloga Virgínia Suassuna questionou: “O que significa gostar de mim?” e convidou às mulheres a se posicionarem em pé para a aplicação de uma dinâmica reflexiva. Durante a palestra, a psicóloga propôs às servidoras a realização de exercícios práticos; apresentou algumas sugestões de livros e filmes e destacou a importância das mulheres gostarem de si mesmas nas dimensões física, emocional, social, intelectual e espiritual.
Homenagens
Após a palestra da psicóloga Virgínia Suassuna, o presidente do TRE-GO, Ney Moura Teles, prestou homenagem, juntamente o presidente da Academia Goiana de Letras, Hélio Moreira, às fundadoras da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, Ana Braga Machado Gontijo e Rosarita Fleury, representada, na solenidade, por sua filha e também escritora, Maria Elizabeth Fleury Teixeira; bem como à poetisa Elza Nobre Caetano da Costa, membro da Academia Belavistense de Letras e viúva do Desembargador Marcello Caetano da Costa, que nomeia o edifício-sede do TRE de Goiás. A breve solenidade foi encerrada com os agradecimentos da diretora geral do TRE-GO e servidora do quadro efetivo da Corte Eleitoral, Flávia Dayrell.
Leia, a seguir, a entrevista exclusiva da psicóloga, Virgínia Suassuna, ao Site do Sinjufego:
Qual é a importância de a mulher se olhar no espelho e fazer essa pergunta que a senhora propõe como tema da palestra “Espelho, espelho meu, tem alguém que gosta mais de mim do que eu?”
Virgínia Suassuna: A importância de a mulher se olhar no espelho é na verdade perceber se ela está se enxergando porque muitas vezes os espelhos nos enganam. Quando você se olha no espelho, de repente corre o risco de enxergar a sua mãe, a sua avó ou mesmo aquilo que o seu primeiro namorado lhe disse: você é fria. Infelizmente, você corre o risco de não se enxergar através dos seus olhos e sim, através dos olhos dos outros.


Na proposta da palestra de fazer a mulher resgatar as várias mulheres que existem dentro dela, o que a senhora tem a dizer para as servidoras do Poder Judiciário Federal em Goiás?
Virgínia Suassuna: A primeira coisa é que elas se enxergassem através dos olhos delas. Eu adoraria que, ao final da palestra, cada uma tivesse um óculos colocado por ela mesma. Porque muitas vezes nós encontramos outras pessoas que não são a  gente mesma dentro da gente. Dos exercícios básicos que eu gostaria que ficasse para a platéia é que o seguinte: quando você se olhar no espelho, tente identificar quais são os seus pensamentos; quando você abaixar os olhos e olhar o seu coração, tente observar quais são os seus sentimentos e não os sentimentos impostos como “você é ciumenta”; quando você olhar para o seu corpo, tente encontrar as suas sensações físicas e, quando finalmente você olhar nos seus pés, você tem que encontrar os seus comportamentos. Não dá para andar com os pés dos outros, corpo do outro, sentimentos que não são seus e cabeças que não são suas.

A mulher tem avançado em diversas esferas de poder. No Judiciário, temos um número grande de servidoras e também  mulheres seguindo carreira na magistratura. Mais do que isso: pela primeira vez na nossa história temos uma mulher como presidente do País. Na sua avaliação, esse avanço fez com que a mulher se distanciasse de si mesma ou não?
Virgínia Suassuna: Sim, principalmente da própria feminilidade, da própria dependência e da própria fragilidade. De repente, elas estão se tornando tão poderosas, uma independência econômica e confundem a independência econômica com a dependência afetiva. Elas tem assustado os homens, que de medo delas, até chegamos a brincar que elas tem o próprio “falo”, como se tivessem o próprio órgão sexual embutidos no inconsciente delas. Elas cheiram tão “macho”, que os machos não delas mais se aproximam.

Acho fantástico esse resgate da mulher do que é dela, mas na medida em que ela rouba aquele papel que não é dela, se limitando a esconder a própria fragilidade, ela tem se deparado com uma solidão profunda. Então, realizada profissionalmente, emocionalmente e na própria maternidade ela tem se frustrado e tenho na clínica onde atendo por 33 anos, percebido o nível de pessoas deprimidas e correndo risco de suicídio. Fico pensando: o que elas querem assassinar? Será que essa mulher tão poderosa não é uma parte que precisa ser cortada para ela continuar sendo completa como ela foi?  O avanço, em alguns aspectos, é um retrocesso.

Por outro lado, o corpo da mulher sempre foi muito poderoso porque gera e nutre vidas. Como alinhar para que as diferentes esferas de poder caminhem juntas?
Virgínia Suassuna: Ela não deve perder essa consciência de que ela gera vidas e que, para gerar vidas, ela não precisa destruir o masculino externo. É como se ela quisesse destruir o masculino externo e dele não precisar. Agora, até para gerar vidas ela precisa do espermatozóide.
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Fonte:
Carolina Skorupski, Assessoria de Comunicação do Sinjufego

 

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