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Hoje Notícias - Cidades - Dia 04/12/2009

 

Matheus Álvares

O índice de analfabetismo entre jovens negros é duas vezes maior que entre brancos, segundo levantamento divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Contudo, a distância entre os grupos encurtou nos últimos 10 anos: em 1998, o analfabetismo entre jovens negros era quase três vezes maior que entre os brancos.

No ensino médio, o número de jovens brancos que frequenta a escola é 44,5% maior em comparação ao de negros. Já no ensino superior, a frequência é cerca de três vezes maior entre os brancos.

"É muito difícil para o negro ter acesso à universidade. Este é um processo histórico que ainda tentamos reverter", avalia o estudante de psicologia Carlos Eduardo Mendes, 32. Negro, nascido na periferia de São Paulo, Carlos estava fadado a nunca entrar na universidade. "Cheguei a me matricular em algumas instituições, mas sempre tive dificuldade em pagar as mensalidades", conta.

Carlos é bolsista do ProUni e morador da Casa do Estudante Universitário (CEU) da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás. Não fosse por programas de assistência estudantil, ele dificilmente conseguiria cursar uma universidade particular, tampouco um curso de alto custo como Psicologia.

"Em minha turma, além de mim, só existe um aluno declaradamente negro", conta. Para sobreviver, Carlos faz trabalhos temporários, já que o tempo que passa na faculdade impossibilita empregos formais. "Passo praticamente o dia todo na faculdade e participo de dois grupos de pesquisa". Todo o esforço tem uma razão: Carlos planeja fazer mestrado e trabalhar em programas destinados à comunidade negra.

O Ipea destaca, no entanto, que houve significativa melhora no nível de adequação educacional entre os jovens negros nos últimos anos. Enquanto se observou entre os brancos certa estagnação, entre os negros a melhoria na frequência ao ensino médio é bastante significativa: em 10 anos, quase duplicou.

No que diz respeito à renda, a disparidade é alarmante. De 2004 a 2008, a diferença entre as rendas médias dos negros e dos brancos no Brasil aumentou R$ 52,92. O estudo também revela que a renda média dos brancos aumentou 2,15 vezes no período, enquanto a dos negros teve aumento de apenas 1,99 vez.

O levantamento do Ipea foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consideram-se jovens aqueles entre 15 e 29 anos, uma população que soma hoje 49,7 milhões de pessoas, cerca de 26,2% da população brasileira.

Escolaridade

O estudo do Ipea também destaca que a situação educacional de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos mostra avanços. De acordo com a pesquisa, os jovens, atualmente, conseguem passar mais tempo em sala de aula e terem maior escolaridade do que os adultos. Em 1998, a média de anos de estudo entre pessoas de 15 a 24 anos era 6,8. No ano passado, a média era de 8,7 anos de estudo entre jovens de 18 a 24 anos. (Com Agência Brasil)

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