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Tribuna do Planalto - Política - De 7 a 13 de Março de 2010

Bruno Hermano

Com disposição para liderar as articulações políticas de sua base, o governador Alcides Rodrigues (PP) provou que o governo pode vencer os adversários na discussão sobre o endividamento do Estado e também em outros embates políticos. Ao seu modo, discretamente e aparentando tranquilidade, Alcides Rodrigues reagiu às investidas dos marconistas, que na semana anterior ao seu retorno da missão oficial à Bielo-Rússia conseguiram instalar a CPI do Endividamento na Assembleia Legislativa. Seguindo sua orientação, os deputados governistas impuseram, na última quinta-feira, 4, duas derrotas aos apoiadores do senador Marconi Perillo (PSDB) na Casa.

A primeira derrota foi o esvaziamento da CPI do Endividamento. Os tucanos não conseguiram arregimentar os deputados para iniciar os trabalhos da comissão. A outra derrota foi a rejeição do plenário - 21 votos contra e 5 a favor - ao requerimento apresentado pelos deputados tucanos Daniel Goulart e Jardel Sebba solicitando à Casa que formulasse moção de repúdio ao superintendente de controle interno da Secretaria da Fazenda, Sinomil Soares. Os deputados argumentaram que a moção seria uma resposta a “ataques” feitos por Sinomil e que não houve mobilização da bancada para a votação.

O momento da instalação da CPI, mesmo com apenas 14 assinaturas, foi interpretado pelos tucanos como uma vitória ante o governo. Foi também uma demonstração de força do PSDB e do senador Marconi Perillo. Tal força, no entanto, não se mostrou suficiente para fazer frente ao governo, quando este resolveu agir. O requerimento de moção de repúdio a Sinomil Soares, por exemplo, teve votos contrários de deputados marconistas, como Fábio Sousa (PSDB), Samuel Almeida (PSDB), Cláudio Meirelles (PR) e Coronel Queiroz (PTB).

Na primeira entrevista que concedeu após retornar do exterior, na terça, 2, ao ser questionado sobre a formação do bloco marconista na Assembleia, Alcides respondeu, sem alterar o tom calmo de voz, que o governo vai continuar contando com o apoio de deputados de todos os partidos, inclusive o PSDB. Sobre a CPI do Endividamento, respondeu com bom humor reafirmando que a comissão vai apurar o endividamento do Estado e não o déficit. Alcides reafirmou que recebeu o governo com déficit de R$ 100 milhões. Na mesma ocasião, o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, conversou com a imprensa e reafirmou que considera a instalação da CPI do Endividamento uma ação eleitoreira, cujo objetivo é confundir a população.

Tanto o governador como o secretário da Fazenda afirmaram que não iriam atuar para barrar a CPI e disseram que estão confiantes em relação à análise das contas do governo. Braga afirmou que, caso convidado, compareceria com prazer à CPI para esclarecer as dúvidas dos deputados sobre as contas do governo. Na entrevista coletiva, ambos demonstraram que não estão preocupados com a CPI. Alcides ressaltou o fato de somente 14 deputados terem assinado o requerimento para a instalação da comissão e ainda revelou que, entre estes, alguns o procuraram para dizer que o fato de terem assinado não significava que, a partir daquele momento, passariam a votar contra o governo.

Atitude

As vitórias obtidas pelo governo na Assembleia são fruto da articulação política do governador Alcides Rodrigues. Desde que retornou da viagem ao exterior, o governador tem demonstrado maior disposição para articular e falar sobre política. Logo que chegou, reuniu os representantes dos partidos que compõem a Nova Frente (PP, DEM, PR e PTN), depois manteve conversas com deputados de sua base e com o líder do governo na Assembleia, Evandro Magal. No decorrer da semana, atendeu deputados e prefeitos em seu gabinete. Além de manter diálogo com políticos, em todos os eventos aos quais compareceu, o governador também se dispôs a dar entrevistas e conversar sobre política com a imprensa.

A atitude de falar mais de política com políticos e com a imprensa garantiu ao governador lugar de destaque no noticiário político. Ao falar mais sobre política, o  pepista passa a difundir de forma mais eficiente o discurso do governo e, consequentemente, a orientação política que deve ser seguida por aqueles que querem apoiá-lo. Nesta semana o governa precisará, mais uma vez, do apoio da maioria na Assembleia. Serão encaminhados à Casa os projetos relacionados à Celg que precisam ser aprovados para que o acordo com a Eletrobrás para o salvamento da empresa se concretize.    

Nova Frente

Em todas as ocasiões em que falou sobre a Nova Frente o governador demonstrou que não está preocupado com as pressões, tanto de adversários como dos seus próprios integrantes, que criticam a demora para definição do candidato. Na terça-feira, 2, Alcides disse que a Nova Frente tem até a data das convenções, em junho, para definir seu nome. Embora alguns defendam que o nome do candidato deve ser lançado o mais breve possível, há também a tese de que agora não é um bom momento para se lançar um nome novo na disputa.

Neste momento em que está cada vez mais acirrada disputa eleitoral entre o prefeito Iris Rezende (PMDB) e o senador Marconi Perillo, caso um terceiro e novo nome fosse lançado, este se tornaria alvo fácil dos adversários. Ao adiar o lançamento da candidatura, a Nova Frente estaria preservando o seu nome, mantendo-o longe dos ataques dos adversários. O adiamento do lançamento de uma candidatura também mantém acesa a esperança de partidos como PMDB e o próprio PSDB em ter em suas coligações os partidos da Nova Frente. Cobiçados, partidos e lideranças da Nova Frente acabam sendo mais assediados que atacados.

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