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"Se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos". John F. Kennedy

O Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal no Estado de Goiás - Sinjufego - emite nota de desagravo aos servidores da Justiça Eleitoral de Goiás contra a orientação da Presidente do TSE, Ministra Cármen Lúcia, ao determinar que os dirigentes dos Regionais exonerem das funções os servidores que eventualmente participarem de greve, deixando ainda de pagar as horas-extras laboradas durante a extenuante e complexa preparação do processo eleitoral de 2012.

O Sindicato sabe do caráter de honradez dos servidores da Justiça Eleitoral Goiana que não colocam à venda sua dignidade e que não se vergarão a essas ameaças que fazem lembrar os mais obscuros tempos dos regimes autoritários. O direito de greve no serviço público hoje está sendo cerceado e criminalizado, colocando o servidor público como "bode expiatório" de todas as mazelas mundiais, sendo ainda esse segmento vítima do poder da mídia, com matéria paga pelo Governo, colocando a sociedade contra a categoria.

Sua Excelência, a Ministra do TSE, ao que parece, desconhece a realidade funcional dos servidores, que estão há mais de 6 anos com arrocho salarial e que mesmo assim vem atuando com isenção e qualidade na execução das eleições, assegurando assim o pleno exercício da soberania popular, consolidando, por vez, a democracia representativa. Mas esse amor à causa da Justiça Eleitoral tem limites, ainda mais quando se ofende a honra do corpo funcional ao cercear o direito de lutar por melhorias salariais.

Os servidores além de lutar por reposição salarial visam também manter o profissionalismo da classe e o fortalecimento institucional da própria Justiça Eleitoral cuja credibilidade dessa se deve muito ao trabalho do seu corpo funcional, preocupação que deveria ser também da Ministra do TSE.

Em vez de constantes reuniões com os presidentes dos TREs para discutir meios de coibir as greves na Justiça Eleitoral, a Presidente do TSE, tal como já fizeram outros Presidentes, deveria atravessar a Esplanada e se reunir diretamente com a Chefe do Poder Executivo Federal, autoridade essa que vem ofendendo e colocando o Poder Judiciário de cócoras e com pires na mão. Afinal, Cármen Lúcia é Ministra do Judiciário ou Ministra do Executivo?

Diante da biografia brilhante de constitucionalista, a Ministra não pode entrar para história do TSE como chefe que nada fez para ajudar na conquista do PCS dos servidores da Justiça Eleitoral. Não custa lembrar que o mandato dela é passageiro, ano que vem já não é mais presidente do TSE, mas os servidores da Justiça Eleitoral têm uma vida pela frente, assumindo cada servidor o constante compromisso de lutar contra a desvalorização de seus salários.

A Senhora Ministra, ao dizer que a greve não pode se sobrepor ao direito do voto, o Sinjufego já pensa e atua de forma contrária: nada pode sobrepor é, sim, à natureza alimentar dos salários cuja constante perda do poder aquisitivo vem pauperizando o orçamento das famílias dos servidores da Justiça Eleitoral, fazendo com que essa categoria migre para outros cargos mais atraentes, sem contar a crescente desprofissionalização da classe que já vem fazendo "bicos" para aumentar a renda familiar, deixando, assim, em segundo plano a carreira de servidor da Especializada.

Essas últimas medidas arbitrárias que atentam contra o direito de greve somente vieram enfurecer os servidores da Justiça Eleitoral Goiana, muitos já querem antecipar entregando suas funções, por considerar que o teor dessas recomendações atinge a dignidade e a honra do servidor, qualidades essas, apesar da situação de corrosão salarial, não estão à venda.

Goiânia-GO, 13 de agosto de 2012.

 

João Batista Moraes Vieira

Presidente do Sinjufego

 

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