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Tribuna do Planalto - Política - De 29 de novembro a 6 de dezembro de 2009

 

 

Bruno Hermano

Ações que provocam conflitos e distanciamento entre partidos que apoiam o governador Alcides Rodrigues e o PSDB têm sido muito mais freqüentes e efetivos do que as tentativas de conciliação. Aliás, o desejo de conciliação só é visto em manifestações de lideranças que não integram as cúpulas desses partidos. Mesmo assim, elas só acontecem em discursos e declarações à imprensa e não em ações concretas.

 O PP e o governador Alcides Rodrigues e o PSDB, do senador Marconi Perillo, estão cada dia mais distantes e continuam caminhando em direção contrária. Nas últimas semanas, o senador Marconi Perillo lamentou o fato do partido não ter sido convidado para participar da aliança governista rumo a 2010 e, junto com o presidente da sigla, deputado federal Leonardo Vilela, adotou discurso ameno em relação ao PP.

Em direção aparentemente oposta à dos líderes, dois parlamentares tucanos - o deputado estadual Daniel Goulart e o deputado federal Carlos Alberto Leréia - deram declarações que fomentaram a discórdia. Afirmaram que a candidatura de Marconi Perillo vai separar a base do PP do governador Alcides Rodrigues e que a chapa articulada pelo governador com o PP, DEM, PR, PSB e PTN não tem chances de vitória.

Um dia antes das declarações tucanas, o governador havia dito à imprensa que estava descartada a participação do PSDB da chapa governista. O governador argumentou que o PSDB, além de impor a candidatura de Marconi Perillo, entrou com dois processos contra ele na Justiça. Para o governador, ao processá-lo, o PSDB não age como aliado.  Tucanos dizem que o argumento usado pelo governador não passa de pretexto, porque o processo partiu do diretório nacional, e não de Goiás.

Os dois processos foram relacionados à recepção que o Palácio das Esmeraldas organizou para o presidente Lula, em sua visita a Goiânia. Na ocasião, Lula reuniu no mesmo palanque lideranças do PT, PP, PMDB e PR e muito foi falado sobre a formação de uma frente partidária com o apoio do governo federal para concorrer ao governo de Goiás contra o PSDB. Os pepistas não aceitam o argumento de que a ação partiu do diretório nacional e de que o PSDB local nada tem a ver com o assunto. Alegam que o advogado João Paulo Berezinski, da executiva nacional é o mesmo que atua nos casos do senador Marconi Perillo.

 Prosseguindo com a sequência de troca de farpas, na sexta-feira, o presidente do PP, o secretário de Infra-Estrutura, Sérgio Caiado rebateu as declarações dos deputados tucanos. O pepista disse que o partido está aberto para receber prefeitos, deputados e vereadores do PSDB. Ao mesmo tempo, afirmou que os tucanos estão em conflito com o PP porque tentam impor a candidatura de Marconi Perillo. Outra leitura é que tucanos querem desmoralizar o governo e ao mesmo tempo utilizar a máquina governamental na campanha de 2010. 

Polarização

A julgar pelo noticiário político das duas últimas semanas, a corrida eleitoral para a disputa do governo em 2010 não está polarizada entre o PSDB e o PMDB, que tem o prefeito Iris Rezende como candidato. As divergências entre o PP e o PSDB dominaram as páginas de política. É evidente que as candidaturas mais competitivas e que aparecem com maior porcentual de intenções de votos nas pesquisas eleitorais são as de Iris e Marconi. Todavia, nos últimos dias, as lideranças tucanas tem gastado muito mais tempo e saliva para debater com o PP e os líderes da frente articulada pelo governador do que com aquele que seria seu principal adversário.

Ao que parece, embora se empenhem em afirmar que a chapa alternativa não terá chances de vitória em 2010, os tucanos demonstram que estão incomodados com o grupo liderado pelo governador. Mesmo sem ter um candidato, a frente formada pelo PP, DEM, PR, PSB e PTN está em evidência e é o fato político mais comentado do momento. As atenções estão voltadas para o governador e suas articulações com os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM) e Sandro Mabel (PR).

Nas últimas semanas, o governo começou a dar demonstrações mais claras de que quer conquistar maior aprovação popular. As principais foram o anúncio do aumento da capacidade de endividamento junto à União, o que renderá R$ 280 milhões a mais em recursos para os cofres estaduais para investimentos em obras de infra-estrutura em 2010 e o envio à Assembléia Legislativa de projeto que amplia o benefício do programa Renda Cidadã de R$ 80 para R$ 120.

Se estas ações do governo surtirem o efeito desejado, o governador terá mais força como cabo eleitoral e o seu partido terá maior poder de influência junto a lideranças políticas, sobretudo no interior. Muitos prefeitos, por exemplo, já começam a buscar maior aproximação com o Palácio das Esmeraldas, de olho nos investimentos que poderão ser realizados pelo Estado em seus municípios. Os governistas apostam que com fortalecimento do governo, que começa a investir mais em obras, os pepistas, republicanos e democratas que hoje apóiam Marconi poderão mudar de idéia, reforçando também a aliança articulada pelo governador.

 Enquanto PSDB e PP brigam, o PMDB e o prefeito Iris Rezende seguem ilesos na corrida eleitoral. Atualmente o mais cotado para ser o candidato do partido a governador, Iris disse claramente que pode abrir mão da disputa caso o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, decida ser candidato. O prefeito acredita que Meirelles pode atrair o PP e outros partidos da base do governador para uma aliança com o PMDB e, assim, formar uma ampla aliança em torno de sua candidatura. Caso essa hipótese se concretize, este será mais um cenário em que PP e PSDB estariam em lados opostos.

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