Hoje Notícias - Política - Dia 13/12/2009
Definitivamente não há mais como restabelecer a união entre o governador Alcides Rodrigues (PP) e o senador Marconi Perillo (PSDB), com vista às eleições de 2010. A análise é do ex-prefeito Nion Albernaz, após a tentativa de recomposição da aliança envolvendo todos os partidos da base. Amigo de Alcides e de Marconi, Nion conversou com Alcides mais de uma vez sobre o assunto, sem, contudo, lograr êxito. "Infelizmente não vejo como voltar à união entre o governador e o senador", disse o professor, em tom de lamento.
Embora desejável, Nion reconhece as dificuldades para a reaproximação entre o tucano e o pepista e atribui a posição à indisposição do governador em se reconciliar aos discursos de alguns tucanos, com ataques ao governador e principalmente à primeira-dama e prefeita de Santa Helena, Raquel Rodrigues. Embora não tenha mencionado o nome, a referência era aos pronunciamentos do deputado federal Carlos Alberto Lereia, que acusou o governo entre outras coisas, de privilegiar a prefeitura de Santa Helena no repasse de recursos.
Também vítima de duros ataques disparados pelo PMDB na campanha de 1996, dos quais ainda não esqueceu, Nion Albernaz disse dar razão ao governador Alcides, ao se sentir ofendido pelas críticas dos correligionários. Entretanto, defende que elas deveriam ser perdoadas em nome da unidade para a manutenção de projeto maior, iniciado com a primeira vitória dos partidos de oposição do centro liberal, em 1998, após 16 anos ininterruptos de poder do PMDB no Estado.
Bases unidas
Segundo Nion, a desunião entre o governador e o senador está restrita às cúpulas, e que no interior as bases dos dois partidos continuam unidas sem nenhuma desavença. "São desentendimento restritos às cúpulas, que torcem para que os dois partidos continuem trabalhando pela unidade que já vem de vários anos, num projeto vitorioso", avalia. O ex-prefeito tucano reafirma a sua disposição em continuar trabalhando pela unidade dos partidos da base, embora considere difícil a reconciliação entre Alcides e Marconi. Do lado do PP, Nion vem trabalhando em parceria com o deputado federal Roberto Balestra, pela manutenção da base.
Prefeito de Goiânia por três mandatos, deputado constituinte eleito em 86, Nion é tido como um conselheiro entre os partidos da base, notadamente no PSDB do qual é presidente de honra. Foi sua a iniciativa de lançar pela primeira vez a candidatura do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso a Presidente da República, em 1994. O lançamento ocorreu durante o ato de filiação de Nion ao PSDB, realizado no Auditório Costa Lima, da Assembleia Legislativa. (Divino Olávio)
Balestra faz desabafo
O deputado federal Roberto Balestra (PP), defensor da manutenção da base aliada, desabafou em discurso na festa de confraternização do PP. "Companheiro é aquele que não abandona e morre ao lado do outro", disse. Segundo o pepista, alguns correligionários falam aos "quatro ventos" e colocam uns contra os outros, mas ele não quis revelar de quem estava falando.
Balestra citou parte de um artigo publicado num jornal diário por uma das pessoas referidas por ele no discurso. "Aqui nas terras goianas, há quem afirme que os deputados estaduais Cláudio Meirelles (PR), Daniel Goulart (PSDB), e outro, juntamente com Balestra, ex-secretário político do governo do Estado, estariam urdindo a derrota de cada um dos partidos da base alcidista, quando das convenções, para a escolha de candidatos em favor da eleição de Marconi", citou, mas não revelou o autor.
Sobre a composição da Nova Frente Partidária, ele disse que tudo é legítimo e que todos os partidos precisam apresentar nomes, mas, que acima de tudo, é preciso ter equilíbrio, para não entrar numa aventura. "Acho que é legítimo. Não estou dizendo que é possível ou impossível", esclareceu.
Balestra, porém, afirmou que luta pela união da base aliada, mesmo com a sinalização do governador Alcides Rodrigues (PP), de que não pretende continuar junto com o PSDB. "Ele tem a posição dele, mas, nós temos um processo que está em início e vai culminar com a convenção em 30 de junho. Daqui até lá, temos situações que vão surgir e, vamos precisar avaliar cada uma." (C.D.)