Da BBC:
O candidato conservador Sebastián Piñera e o ex-presidente Eduardo Frei (foto) devem disputar o segundo turno das eleições presidenciais no Chile, segundo projeções divulgadas no final da tarde deste domingo, logo após o fechamento das urnas no país.
De acordo com pesquisa da Universidade Católica do Chile, divulgada pelo Canal 13 de televisão, Piñera deve obter 44% dos votos, enquanto Frei teria 30%.
As pesquisas de opinião antes da votação já indicavam que nenhum dos presidenciáveis seria capaz de superar a marca de 50% de votos válidos e evitar a realização de um segundo turno no dia 17 de janeiro.
"Todos nós sabemos que vai haver um segundo turno", disse a presidente chilena Michelle Bachelet ao depositar seu voto, em Santiago.
Diário da Manhã - Mundo - Dia 14/12/2009
Esquerda e direita vão para o 2° turno no Chile
Funcionário trabalha na contagem dos votos em Santiago. Para analistas, vitória de Piñera no 1° turno aponta desgaste da esquerda
Sebastian Piñera e Eduardo Frei travarão nova batalha nas urnas no dia 17 de janeiro. Eleições têm participação maciça. O multimilionário opositor de direita, Sebastian Piñera, irá a segundo turno com o candidato governista, Eduardo Frei, segundo o resultado das eleições presidenciais de ontem no Chile. Com cerca de 12% das urnas apuradas (até o fechamento da edição), Piñera teve quase 45% dos votos, enquanto Frei conquistou 32%. Os resultados confirmam as pesquisas de boca de urna, que também já davam como certo um segundo turno em 17 de janeiro.
Logo após a divulgação do relatório oficial, o comando de Eduardo Frei fez um pronunciamento dizendo estar confiante de que terá todo o apoio no segundo turno. Um porta-voz do grupo de Sebastián Piñera agradeceu todos os chilenos pelos votos recebidos.
Mais de oito milhões de eleitores chilenos compareceram em massa ontem às urnas para as eleições presidenciais e parlamentares mais disputadas da história recente do país.
Candidatos
O candidato da direita à Presidência do Chile, o empresário Sebastián Piñera, líder nas pesquisas, previu a chegada de "dias melhores" para o país logo depois de votar em um colégio eleitoral da capital chilena.
Já o ex-presidente chileno Eduardo Frei (1994-2000), candidato governista à Presidência, afirmou que os eleitores tomarão uma decisão sobre "duas maneiras de ver o Chile". Ele falou com jornalistas após votar em La Unión, a 900 quilômetros de Santiago.
"Hoje definimos o futuro do país, duas maneiras e duas visões do Chile. Nós não queremos um salto no vazio nem voltar ao passado, queremos um governo que se preocupe com o povo", disse Frei.
O candidato independente Marco Enríquez-Ominami admitiu hoje pela primeira vez a possibilidade de participar de um pacto contra a direita em um eventual segundo turno.
"Faremos os acordos amanhã [hoje], mas com diálogo, pelo bem do Chile", assegurou Enríquez-Ominami após votar por volta das 11h locais (12h de Brasília) na cidade litorânea de Zapallar, a 150 quilômetros ao noroeste de Santiago.
"Que nos unamos todos para derrotar os conservadores, mas com ideias do presente, não com medos de 1970", acrescentou Enríquez-Ominami.
O quarto candidato na disputa, o representante da esquerda sem representação parlamentar, Jorge Arrate, propôs há semanas um pacto para que os três aspirantes com menos apoio se unam no segundo turno para impedir o triunfo de Piñera.
Para Arrate, ex-ministro do governo de Salvador Allende, derrubado pelos militares em 1973, "hoje à noite se inicia outra etapa para derrotar a direita".
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o socialista chileno José Miguel Insulza, disse que "o mundo não vai acabar" se o direitista Piñera chegar à Presidência do país após duas décadas de governos da coalizão de centro-esquerda Concertação.
Insulza lembrou, no entanto, que "no segundo turno, todos aqueles que têm ideias em comum devem se juntar para alcançar uma maioria".
TRANQUILIDADE
A votação foi calma, sem registro de incidentes graves. As autoridades destacaram que o processo deste domingo "foi impecável". Até as 12h locais (13h de Brasília), a Polícia chilena informou sobre 12 detidos por delitos ligados às eleições. A maior parte deles se negou a ser fiscal de mesa. Também houve detenções por boca de urna. Entre outros incidentes, na região de Concepción, no sul do Chile, um homem de 79 anos morreu em um colégio eleitoral depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória.
Para analistas, Congresso continuará dividido no Chile
Enquanto a corrida presidencial ocupa os lugares mais visíveis deste processo eleitoral, menos atenção tem sido dada à votação para renovar todos os deputados e 18 senadores do Congresso chileno.
Historicamente, o sistema de eleição para o Congresso daquele país, binominal, tem resultado em um Legislativo extremamente dividido, do ponto de vista dos seus críticos, ou equilibrado, do ponto de vista dos seus defensores.
Cada região elege dois representantes em cada casa, e cada partido tem direito a postular até dois candidatos a cada cargo. Os dois partidos com mais votos obtêm um cargo cada. Se um partido receber o dobro da votação do outro, leva os dois cargos.
"Na prática, vai ser uma maioria débil, porque estará atravessado por conflitos internos de cada coalizão", avaliou o cientista político da Universidade do Chile, Guillermo Holzman. "Isso significa que será uma maioria muito diversa, complexa e instável."
Para o analista, "o que interessa, aqui, é como vão estar representados cada um dos partidos, quantos independentes vão ser eleitos e quantos candidatos do Partido Comunista vão chegar pela primeira vez ao Congresso".
Ainda segundo analistas chilenos, a vitória de Piñera mostra que a coalizão está enfrentando o "desgaste" de ter passado muito tempo no poder, o que fez com que Bachelet, apesar de seus altos índices de aprovação, não tenha conseguido transferir seu prestígio para o candidato governista, Eduardo Frei, que foi presidente do Chile entre 1996 e 2000. "Também ajudou Piñera o fato de ele ser, pela primeira vez em muitos anos, o candidato único da direita", diz o cientista político Cláudio Fuentes. Para o analista, parte do eleitorado vê Piñera como um candidato "de centro", já que ele não é um representante da "direita pinochetista". Fonte: Da redação, com Agências