O Popular - Política - Dia 19/12/2009
Ao falar pela primeira vez de escândalo, ex-secretário da fazenda do DF reafirma chapa a deputado
Fabiana Pulcineli
Valdivino diz que só deixou GDF por "ordem do PSDB"Ao falar pela primeira vez sobre o escândalo no Distrito Federal, o goiano Valdivino Oliveira, ex-secretário da Fazenda do governo José Roberto Arruda, disse ontem ao POPULAR que era um "mero cobrador de impostos" e que não tem envolvimento com as denúncias.
Valdivino, que se filiou ao PSDB - depois de sair do PMDB - em setembro para se candidatar a deputado federal, deixou o cargo por determinação do diretório nacional. Agora, diz que tem se dedicado "quase integralmente" à pré-campanha, com viagens "a semana inteira" pelo interior do Estado.
"Não há nada que me impeça de disputar ou que me faça desistir da candidatura. Tenho 30 anos de serviço público e nunca tinha visto nada perto disso aí", disse. Valdivino afirmou que o sistema administrativo no GDF é descentralizado e que a Secretaria da Fazenda não define nem autoriza pagamentos.
Segundo ele, cada órgão do governo tem um limite no orçamento e libera por conta própria os pagamentos. Questionado se tinha conhecimento das propinas, ele evitou responder. "Não tenho o que falar. Eu fui um mero cobrador de impostos e procurei exercer bem minha função. Espero as investigações."
Ele fala com cautela das especulações de que seu nome pode aparecer em novas fitas gravadas pelo ex-secretário do GDF Durval Barbosa. "Não sei. Acho que as coisas estão bem expostas por lá. Mas qualquer notícia que aparecer, eu darei explicações."
Valdivino disse que tem conversado frequentemente com o governador Arruda - que teve o projeto de disputar a reeleição naufragado pelas denúncias -, mas sobre a gestão. O ex-secretário disse que não teria deixado o cargo "de forma alguma" se não fosse a ordem do PSDB.
"Não sairia porque gostaria que houvesse continuidade nas ações e projetos do governo, que estavam muito bem avaliados. Antes do escândalos, Arruda tinha 85% de aprovação", disse.
Presidente do Clube Atlético Goianiense, ele afirma que tem ficado 90% do tempo em Goiás, mas se dedica também a uma empresa de consultoria que mantém no DF - que só atende o setor privado.
Valdivino disse desconhecer favorecimento à empresa Linknet, envolvida nas denúncias. Comandada pelo empresário Gilberto Lucena, a Linknet é patrocinadora do Atlético. Lucena e Valdivino são amigos, segundo o empresário, há mais de 20 anos. O ex-secretário disse que a licitação foi feita pela Secretaria do Planejamento e ressaltou que, ao assumir o cargo, mandou devolver equipamentos da Linknet de sua pasta.
O ex-peemedebista elogiou o senador Marconi Perillo (PSDB), que, na sua avaliação, não sofre desgastes. "Marconi é a maior liderança do Entorno. Todos que se aproximam querem pegar carona. Quem estiver com ele, será puxado para cima."
STJ pede análise de contratos de informática
Agência Estado
São Paulo - O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Fernando Gonçalves, ainda não analisou o pedido do Ministério Público Federal de quebra dos sigilos bancário e fiscal dos envolvidos na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que investiga o suposto pagamento de propina ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido) e parlamentares da base aliada. No despacho divulgado ontem, Gonçalves determinou uma análise dos contratos feitos pelo GDF (Governo do Distrito Federal) com empresas do setor de informática entre 2007 e 2009, gestão de Arruda.
O ministro ainda pediu a tomada de novos depoimentos e ações de busca e apreensão. Apenas o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, que delatou o suposto esquema de corrupção, prestou depoimento. "Por determinação do ministro, o Secretário de Fazenda do Distrito Federal deverá encaminhar, em 10 dias, se possível, planilha com discriminação dos pagamentos feitos pelo Distrito Federal, nos anos de 2007, 2008 e 2009, a todas as empresas que prestam serviços de informática às entidades da administração pública direta e indireta do Distrito Federal. A planilha deve conter a indicação das respectivas ordens bancárias, datas de pagamento e contas bancárias que receberam os créditos respectivos pagos pelo GDF", afirma o despacho.
O ministro ainda pediu a realização de perícia no dinheiro apreendido na Operação Caixa de Pandora para comprovar a ligação entre as empresas e investigados no inquérito. Durante a ação, realizada no dia 27 de novembro, a PF apreendeu R$ 700 mil, US$ 30 mil e 5.000 euros em 12 lugares diferentes, inclusive, na casa de deputados distritais e secretários do governo de Arruda. As notas, que saíram das contas de Durval, foram marcadas pela PF para ajudar na identificação dos supostos envolvidos no suposto pagamento de propina a parlamentares da base aliada na Câmara Legislativa. "(A PERÍCIA) deve esclarecer a afirmação de que tem "fortes indícios' de que o dinheiro marcado, cuja maior parte veio de umas das empresas supostamente envolvidas, é o mesmo encontrado na casa de um dos investigados durante a operação de busca e apreensão", afirma.O Ministério Público Federal e a Polícia Federal pediram a quebra de sigilo dos envolvidos na operação.