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Tribuna do Planalto - Política - De 15 a 21 de novembro de 2009

Como os políticos tradicionais

Lourdes Souza

Cerca de 20 mil advogados em todo o Estado devem ir às urnas para escolher o novo comandante da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) e o representante da categoria no Conselho Federal. Cinco candidatos disputam a presidência, cujo pleito será definido na quinta-feira, 19. A campanha chega ao fim  após dois meses de uma intensa movimentação, que não deixou a dever em nada ao processo político-partidário tradicional. A infraestrutura foi suficiente para expor os postulantes aos quatro cantos do Estado. Chamam a atenção as estratégias de cada chapa.

Todas recorreram às ferramentas de marketing, com direito a comitês eleitorais, assessorias de comunicação, caracterização de veículos, instalação de painéis e faixas por vários pontos de Goiânia, visitas ao interior, confraternizações, encontros e pesquisas internas para avaliar a tendência de voto. Também apelaram aos modernos recursos de comunicação proporcionados pela internet, como a criação de sites oficiais e as redes sociais, como Twitter, Facebook e Orkut.

Na avaliação do publicitário e especialista em marketing político Wagner Bezerra, os investimentos denotam um altíssimo grau de disputa pelo comando de uma entidade que tem abertura de diálogo entre os poderes constituídos e movimentos sociais. E que, por isso, pode ser vista tanto como porta de entrada para a esfera pública, como vitrine capaz de alavancar carreiras profissionais. O que talvez justifique os gastos dos candidatos. Mesmo assim, Bezerra vê discrepância na utilização das ferramentas de comunicação. “Mesmo lidando com um grupo específico, os candidatos têm usado meios de comunicação de massa. É o mesmo que usar uma arma de alto calibre para atingir um alvo pequeno”, diz.

Para o professor universitário e pesquisador em comunicação Luiz Signates, o grande investimento significa que os cargos ambicionados movimentam grandes somas de dinheiro e o equivalente em poder. "Só isso poderia justificar os gastos decorrentes da profissionalização aguda das campanhas classistas, como a da OAB-GO."

Wagner Bezerra lembra que o uso da Internet pelos candidatos à presidência da OAB, na sua opinião “resquícios da eleição de Barack Obama à presidência dos EUA”, de certa forma, é uma mostra de como a ferramente deverá ser utilizada nas eleições do ano que vem no Brasil. “As estratégias de marketing político utilizadas por Obama já estão interferindo nas eleições classistas e também vão pautar as eleições partidárias no próximo ano”, acredita.

Gastos

Como os candidatos à presidência da OAB não são obrigados a prestar contas à Comissão Eleitoral da entidade, é difícil determinar com precisão os gastos de cada candidato. Mas, pelas estruturas da campanhas, imagina-se que  estejam bem acima do que se tem afirmado publicamente. Todavia, já é possível detectar a elevação dos gastos entre o pleito de 2006 e o atual. À época, apenas dois candidatos estavam na disputa – Miguel Cançado (OAB Forte), atual presidente, e Leon Deniz (Renovação).

Naquela eleição, a média de gastos divulgada extraoficialmente oscilava entre R$ 200 mil e R$ 300 mil, por ambas as partes. Para este ano, o volume de investimento por parte do candidato da chapa OAB-Forte, Henrique Tibúrcio, e Leon Deniz (Renovação), que apresentam as maiores estruturas de campanha, quase dobrou. Tibúrcio prevê uma aplicação de R$ 420 mil até o final da campanha. Deniz anunciou um gasto de até R$ 400 mil. Nos dois casos, os recursos seriam oriundos de doações dos integrantes das chapas.

As estimativas dos outros três candidatos juntas devem somar R$ 290 mil. Renaldo Limiro, da chapa Atitude, prevê gastos em torno de R$ 150 mil; Márcio Cunha, da chapa OAB Melhor, fala em R$ 120 mil; já Eduardo Scartezini, da chapa Ordem, diz que fará sua campanha com R$ 20 mil. Segundo eles, o que deve contar na campanha são suas propostas. Todos os candidatos negam a ajuda de terceiros e dizem que os custos de campanha são bancados prioritariamente com doações dos próprios companheiros de chapa, feitas de forma espontânea e de acordo com a realidade financeira de cada um.

Para efeitos de comparação, Wagner Bezerra lembra que uma campanha básica para deputado - com comitês, equipes técnicas, descolocamentos na Capital e interior, materiais gráficos, jingles, sites, adesivos, outdoors, entre outros -, consome em média R$ 2 milhões.

Contas abertas

Até o fechamento desta edição, na sexta, 13, apenas Eduardo Scartezini havia publicado na internet os nomes dos doadores de sua campanha e Renaldo Limiro divulgou despesas de campanha no site Atitude. Leon Deniz disse que pretende divulgar os gastos de suas campanhas. Henrique Tibúrcio e Márcio Cunha afirmaram que vão prestar contas para os integrantes das chapas. Tibúrcio ressalta que, caso haja interesse por parte de algum advogado, também poderá mostrar o balanço dos gastos.

Entenda o Processo Eleitoral

A eleição para a nova diretoria da OAB-GO 2010/2012 será realizada na quinta-feira, 19, na Capital e nos municípios do Estado. Nas cidades com mais de 20 advogados registrados, a votação será feita em urnas eletrônicas. Nas demais cidades, a votação será em cédulas convencionais. A Comissão Eleitoral da OAB-GO espera que o resultado seja anunciado no mesmo dia, até às 20 horas. Ao todo foram inscritas seis chapas na disputa, mas a Comissão Eleitoral indeferiu a candidatura da chapa Justa e Cristalina, lidera pelo advogado João Mendes, que responde processo ético na entidade.
Cinco chapas disputam o pleito.

Chapa 1 – Movimento Atitude – Renaldo Limiro
Chapa 2 – OAB Forte – Henrique Tibúrcio
Chapa 4 – OAB Melhor – Márcio Cunha
Chapa 5 – Ordem – Eduardo Scartezini
Chapa 6 – Renovação OAB – Leon Deniz

Debates na Câmara e na tevê

Os candidatos à presidência da OAB-GO elevaram o tom da campanha durante debate público na Câmara Municipal de Goiânia, na segunda-feira, 9. Proposto pelo vereador Gari Negro Jobs, o debate foi mais uma oportunidade para os candidatos exporem suas estruturas de campanha. Ambos os candidatos esqueceram o objetivo principal do evento: a apresentação de propostas para a gestão da entidade. As trocas de farpas serviram de combustível para acirrar os ânimos da plateia - formada basicamente por integrantes das chapas, equipes técnicas e cabos eleitorais uniformizados -, que se comportaram da forma que era esperada: como torcidas de futebol em final de campeonato.

Antes mesmo da abertura do debate, os contratempos começaram com a tentativa do candidato João Mendes, da chapa Justa e Cristalina, em participar da mesa. Por ter processo ético-disciplinar no Tribunal de Ética da entidade, Mendes teve sua candidatura indeferida pela Comissão Eleitoral da OAB-GO. Sem uma liminar judicial que garantisse a sua reintegração no processo eleitoral, ele foi excluído do debate, mas permaneceu o tempo todo na mesa. Em protesto, o advogado colocou um adesivo na boca indicando que fora censurado. A cena se repetiu em diversos momentos, principalmente quando fotógrafos e cinegrafistas se aproximavam.

Mudança de estratégia

As trocas de farpas entre os candidatos continuaram nos dias seguintes via internet, nos sites e redes sociais e até em anúncios publicitários publicados em jornais da Capital. O candidato Leon Deniz anunciou ter sido o vencedor do debate na Câmara, em publicações comerciais na imprensa. Em seguida, foi ironizado pela chapa OAB Forte, que também utilizou anúncio publicitário para desmentir o oponente. Os dois anúncios foram veiculados na quinta-feira, 12, data em que todos os postulantes se encontrariam novamente em debate ao vivo no programa Opinião em Debate, da TV Brasil Central (TBC).

As repercussões negativas da postura dos candidatos e de seus apoiadores no primeiro encontro na Câmara dos Vereadores podem ter influenciado o comportamento dos mesmos no debate transmitido pela televisão. Talvez inibidos pelas câmeras, os candidatos acalmaram os ânimos e fugiram das confusões. Ao contrário do debate da Câmara, onde o alvo principal foi Henrique Tibúrcio, os postulantes miraram em Leon Deniz, que também foi o alvo preferido de Scartezini. Márcio Cunha, por sua vez, não economizou nas provocações direcionadas a Renaldo Limiro, que manteve a calma nas respostas, evitou polemizar e optou por perguntas técnicas. Nesta segunda-feira, 16, os cinco candidatos se encontram novamente para um debate na rádio 730, a partir das 8 horas.

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